Pearl Jam distribui nostalgia no Maracanã com participação ilustre dos Chili Peppers
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Eddie Vedder em mais um ótimo show do PJ no Rio [Foto: Bruno Eduardo] |
Essa foi a quarta passagem do Pearl Jam pelo Rio de Janeiro e quinta em terras tupiniquins. Com um público surpreendente, perto de 50 mil pessoas (muito bom para uma quarta-feira chuvosa), os veteranos do rock de Seattle entregaram aquilo que se espera deles: uma chuva de hits, carisma, presença de palco, sinergia com o público e, claro, qualidade e diversão.
Como um sussurro, “Release” foi a primeira do nostálgico e noventista repertório, em que as treze primeiras músicas datavam de algum álbum do grupo lançado entre 1991 e 1998. Para muitas bandas, treze músicas daria um setlist completo, mas não para uma banda como o Pearl Jam. Não mesmo. A verdade é que não tínhamos chegado nem na metade da noite. Seguindo com uma atmosfera leve, representada nos globos decorativos que pareciam flutuar pelo palco, a banda continuou devagar no início, com as melódicas “Low Light”, do disco Yield (1998) e “Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town” (Vs, 1993).
Virando subitamente a chave da calmaria para a turbulência, mandaram a pedrada “Go”, o lado B “All Night”, lançada apenas na coletânea Lost Dogs, de 2003, e que deveria ter entrado no quarto álbum da banda, No Code (1996) e “Animal”. Destacaram-se ainda nessa primeira parte "In Hiding", "Immortality", sucesso do terceiro álbum da banda, Vitalogy (1994) e “Wishlist”, dedicada, estranhamente naquele momento, aos amigos do Red Hot Chili Peppers.
Saindo um pouco da atmosfera underground dos anos 90, executaram duas das boas músicas do último álbum, Lightning Bolt (2013): “Mind Your Manners” e a faixa título. Rolou também o novo single “Can’t Deny Me”, uma crítica ao presidente norte-americano, Donald Trump - contando com a participação simbólica de Chad Smith, batera dos Red Hot Chili Peppers, que prenunciou o que viria mais a frente. Encerrando a primeira parte do show, a inesgotável “Porch”, onde Eddie fez questão de informar antes de iniciar que iria mandar a pancada tocando uma guitarra genuinamente brasileira, feita e dada por seu fã, Sérgio “Vedder”.
O ponto alto foi a participação surpresa do guitarrista do Red Hot Chili Peppers, Josh Klinghoffer, em “Alive” e “Rock in the Free World”, e a volta ao palco de Chad Smith para dividir as baquetas com Matt Cameron, numa simbiose quase instantânea entre duas das maiores bandas de rock de todos os tempos, provocando uma catarse coletiva. A diversão em cima do palco foi passada para o público de forma genuína.
Para os que enfrentaram a chuva e o cansaço após um dia inteiro de atividades, valeu a pena. Como dito no início, o Pearl Jam entrega o que se espera deles. Vale cada esforço, e não há fã que saia insatisfeito. Talvez um pouco frustrado, porque SEMPRE falta alguma música preferida. Mas conhecendo o grupo, sabemos que o melhor mesmo é nunca criar expectativas - ainda mais em relação a setlists de shows. Apenas chegue disposto a receber o que eles têm a dar: música boa, nostalgia, e duas a três horas de fuga do mundo real... Feche os olhos, deixe a música rolar e voe High! Wide!, como em “Given to Fly”!
Mesmo não muito populares, Royal Blood aquece público com boa presença de palco
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Mike Kerr injetou energia no show do Royal Blood [Foto: Bruno Eduardo] |
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