Phil Collins emociona Maracanã em seu primeiro show solo no Brasil

Phil Collins inicia turnê brasileira no Rio [Foto: Amanda Respicio / Rock On Board]
Por Bruno Eduardo

Mais de quarenta mil pessoas enfrentaram o mau tempo que acompanha o Rio de Janeiro nos últimos dias para reverenciar mais uma lenda viva da música. No meio do palco, surge um homem calvo e curvado pelo tempo, vestindo roupas pretas largas. Ele segue apoiado em uma bengala até sentar na cadeira. E permaneceu ali, sentado, diante de uma multidão de olhares e corações atentos - que se confundiam entre lágrimas e cantorias sem fim. 

Aos 67 anos de idade, Phil Collins chega ao Brasil pela primeira vez desde que formou sua carreira solo. O desgaste físico aparece evidenciado pelo grave problema na coluna, mas a voz ainda está lá. Ela continua sedosa, emotiva e de timbre inconfundível. O cartão de visitas é nada menos que uma dobradinha de seus maiores hits radiofônicos: "Against all odds (Take a look at me now)" e "Another Day in Paradise". O fato de tocar logo de cara duas das músicas mais esperadas da noite serviu para acalmar a ansiedade do público, que pôde a partir dali, conferir a excelência de um time de músicos do primeiro quilate. 

Além de alguns parceiros de longa data, como o baixista Leland Sklar, o guitarrista Daryl Stuermer e o trompetista Harry Kim, Phil Collins trouxe ao Brasil, o seu filho Nic Collins, de apenas 16 anos de idade, que mostra desenvoltura e rara técnica em canções como "In The Air Tonight". "É um bom garoto", elogia. Mas o destaque fica mesmo para os cantores de apoio, principalmente Army Keys e Arnold McCuller, que se revezam em duetos com Collins e chegam no ápice em "Easy Lover", um dos maiores sucessos pop dos ano 80, criado em parceria com Philip Bayley, do Earth, Wind & Fire.
 
Mesmo aos 67 anos, voz continua em dia [Foto: Amanda Respicio / Rock On Board]
Dos tempos de Genesis, uma ligeira preferência ao álbum mais comercial da banda, 'Invisible Touch', lançado em 1986. Deste trabalho, foram lembradas duas canções: "Throwing It All Away" e a canção título do disco, que é certamente uma das mais conhecidas entre o grande público. Do Genesis, Collins inclui ainda a sublime "Follow You Follow Me", lançada no final dos anos setenta e que marcou a saída do guitarrista Steve Hackett do grupo.

Quando a banda atacou de Supremes em "You Can't Hurry Love", o Maracanã se transformou em uma gigantesca pista de dança, que ganhou força em um dos sucessos de Phil Collins lançado nos anos noventa: "Dance Into The Light". "Sussudio" trouxe flâmulas e confetes coloridos sobre o público e o bis de "Take Me Home" deu conta final à apresentação. Contrariando todas as previsões, limitações físicas e probabilidades reais, Phil Collins respondeu no palco que nada ainda é capaz de superar a magnitude de uma lenda. Não é a toa que o nome da turnê é "Not Dead Yet" (Não morri ainda). Mesmo assim, é sempre bom lembrar: Lendas não morrem nunca.

Na abertura, um bom show de rock do The Pretenders

Ícone feminino do rock and roll, Chrissie Hynde mostrou que a atitude continua em dia mesmo aos 66 anos de idade. Afinal, poucos conhecem desse gênero tanto quanto essa senhora, que nos anos setenta dividiu-se entre parcerias com embriões do punk rock e lideranças na origem do jornalismo especializado britânico. Mas o verdadeiro triunfo de Chrissie foi mesmo no início dos anos oitenta com o The Pretenders e no palco do Maracanã isso ficou constatado em músicas que continuam soando frescas, incluindo a perfeição pop de "Talk Of The Town" e "Back on the Chain Gang". Sem abandonar o visual nostálgico, com direito a corte de cabelo com franjinhas e jaqueta, Hynde domina a peleja e consegue entreter o público durante toda a apresentação do grupo. É um bom show de rock, e que ganha mais energia na parte final. Entre solos de guitarra e melodias à capela ("I'll Stand By You"), o número chega ao ápice numa versão quentíssima de "Middle Of The Road", com destaque para o generoso solo de bateria. Mesmo na posição de "especial guest" e mais indicada a arenas menores e mais enfumaçadas, o The Pretenders deu a prova que precisávamos que eles permanecem fiéis ao espírito genuíno do rock and roll. E isso pode colocar na conta da experiente Chrissie Hynde.
 
Chrissie Hynde liderou o Pretenders em bom show [Foto: Amanda Respicio]

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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