Drenna comprova o triunfo da cena independente em show estiloso

Foto: Bruno Eduardo
Drenna faz show de gente grande no Teatro Rival
Por Bruno Eduardo

Era para ser apenas um show de apresentação de seu novo disco - o ótimo 'Desconectar'. Mas o número apresentado pela Drenna no Teatro Rival vai muito além de canções executadas e figurinos renovados. Ele representa acima de tudo, o presente e o futuro de uma geração que sustenta o rock nacional. É também um atestado categórico de que as bandas independentes não devem nada aos medalhões. Falta-lhes apenas maiores oportunidades. 

Afinal, quando uma banda de investimento limitado, coloca quatro telões com imagens de alta tecnologia no cenário e faz um dos shows visuais mais legais que o Rival recebeu em anos, você tem a certeza absoluta que está diante do progresso. E esse progressivismo é de toda uma cena envolvida, em qual incluem bandas, produtores, técnicos de palco e demais profissionais que sustentam e disseminam esse mundo além do grande mainstream. Pois esse não é apenas um show bonito de se ver. Ele é o típico show de rock que você quer ver todos os dias, e que "cabe" em qualquer grande casa do país.

Com uma hora de atraso, a banda iniciou sua apresentação ao som da ótima "Sabotagem". Em seguida, veio uma das melhores do novo disco: "Anônimo". A vocalista, de cabelos descoloridos, dá show de interpretação em "Ela Vai Chamar Sua Atenção", com destaque para a habilidade vocal, onde alcança notas altíssimas numa potência surpreendente. Ela faz parte de um raro time que consegue tocar guitarra (muito bem) e cantar (melhor ainda). 

Foto: Bruno Eduardo
Cantora apresenta novo visual e performance destacada
Assim como deveria ser, a apresentação desta noite foi toda baseada no novo trabalho. A banda tocou todas as onze faixas de 'Desconectar' e mostrou que o álbum soa muito bem ao vivo. Os melhores momentos ficaram para o rock macio de "Alívio" - que teve a participação do coautor da canção, Rafael Lima, da banda Memora - e "Entorpecer" (que precisa ser mantida para sempre no repertório). Além disso, dois momentos intimistas deram o respiro necessário ao show. O primeiro foi um improvável, mas interessante solo de xilofone antes de "Navego" - faixa mais lenta do disco e que melhora muito ao vivo. O outro momento "diferentão" da noite foi a participação da galera do Lítio, que após uma versão completamente modernosa de "Roda Viva" do mestre Chico Buarque, transformou o local numa verdadeira rave, com muitos sintetizadores e os chamados "bate estaca" no ouvido da galera. Outra surpresa no repertório foi a inclusão de "Respect" de Aretha Franklin, numa releitura funk rock de botar respeito.

O final veio quente ao som do primeiro single do disco, e que leva o nome do álbum. O público canta o refrão e a vocalista se empolga, bate cabeça e faz estripulias com a guitarra, ao estilo hendrixiniano. Por conta do atraso inicial (o show estava previsto para uma hora antes), a banda acabou deixando de tocar uma canção, que fazia parte do suposto bis. No entanto, o show foi curto, direto e devidamente roteirizado. Tanto que no final, rolou uma extensa lista de agradecimentos, onde foram homenageadas todas as bandas da cidade. O fato é que não teve para ninguém. O rock independente venceu esta noite!

Foto: Bruno Eduardo
Momento final: banda e público unidos numa noite especial

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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