Love Chant, o novo álbum do Lemonheads, pode ser considerado um atestado de maturidade e inspiração de seu frontman [leia a resenha do disco AQUI]. Numa entrevista totalmente sincera, Evan Dando falou ao Rock On Board sobre o processo criativo do novo trabalho, refletiu sobre a discografia da banda, e explicou a importância do público brasileiro para a reunião do Lemonheads.
Aos 58 anos de idade, Evan Dando parece viver hoje impulsionado por um processo de autoconhecimento e reflexão. Sentado num sofá, com um violão no colo, e cercado por alguns quadros pintados por ele mesmo, Dando parece se orgulhar dessa sua nova versão artística, menos frenética e mais calculada - algo que só a maturidade consegue formar.
"Eu realmente me encontrei. É como se eu estivesse mais relaxado e sendo eu mesmo. Algumas pessoas saem da caixa em algum momento. Há gente como Sex Pistols e The Doors que já saem com suas caixas formadas. E nós não sabíamos o que estávamos fazendo. Eu acho que tomei mais controle disso. E aprendi. Eu vivi, perdi, quase morri, quase não morri. Eu tive muita sorte. E acho que o Rock And Roll é bom para pessoas da minha idade", afirma.
"Acho que o Rock And Roll é bom para pessoas da minha idade"
E como tem sido a recepção de Love Chant? De acordo com o músico, a procura dos fãs está alta, principalmente com o single "Deep End". "Os números estão indo bem até agora. "Deep End' já superou algumas de nossas melhores músicas e já é a nossa quarta canção mais famosa no Spotify. Então isso é bom. Está obviamente funcionando", empolga-se.
Na verdade, a banda também demorou a produzir algo novo, e isso talvez explique a ansiedade do público. Afinal, dezenove anos se passaram para que o Lemonheads lançasse este trabalho. Foi o maior tempo de lacuna criativa do grupo na carreira. Mas de acordo com Evan Dando, essa espera foi totalmente consciente e motivada por um único compromisso: fazer a melhor música possível. "Tinha que ser bom. É por isso que esperei tanto tempo para lançar algo novo. Pensei: 'Não vou lançar nada até que esteja realmente ótimo, perfeito", afirma. Algo, que de acordo com o vocalista, não aconteceu com um clássico da discografia da banda: "Em 'It's Shame About Ray', eu não esperei. Eu apenas me forcei a fazer", diz.
Ainda sobre It's a Shame About Ray, Evan Dando afirma que o maior legado do álbum foi o fato do maior hit do disco ter ido parar na trilha sonora do filme O Lobo de Wall Street, estrelado por Leonardo Di Caprio. "O grande legado de It's a Shame About Ray, eu suponho que seja o filme 'O Lobo de Wall Street'. Isso me ajudou a gostar dessa música ('Mr. Robinson') pela primeira vez. Tenho que agradecer a Deus por Marty Scorcese. Eles tocaram 'Mr. Robinson' inteira no clímax do filme", revela.
Já sobre o álbum Car Button Cloth (1996), Evan Dando tem uma opinião diferente. Para ele, esse é o disco que soa melhor na carreira do Lemonheads. "Não nos importamos como ele iria soar. Fizemos para nos divertir e pensamos em fazer ele ficar da maneira que queríamos naquele momento", explica.
Brasil, um caso de amor
A relação com o Brasil, em particular, é um capítulo à parte na história de Dando e do Lemonheads. O vocalista, que hoje mora no Brasil, não esconde sua afeição pelo país. Ele lembra inclusive, que a paixão dos fãs brasileiros foi o motor para a reunião da banda. "Eu sempre amei o Brasil. O Brasil é o motivo pelo qual a banda se reuniu", confessa. "Tinham muitas pessoas que gostavam da gente aqui, principalmente em São Paulo. Tanto que fizemos o primeiro show de reunião da banda aqui. Foi que aqui que tudo começou de novo."
E a música brasileira? O que será que Evan Dando gosta de ouvir aqui?
"Eu adoro Os Alquimistas. Eles são a minha banda favorita agora. Eu vi a banda de Apollo, que foi legal. Tem o Planet Hemp, e ainda amo Raul Seixas. Gosto de muitas coisas na música brasileira", conclui.
Assista abaixo a entrevista completa, exclusiva aos membros do Rock On Board

