A magia de Paul McCartney: 60 anos de carreira em uma noite inesquecível

Foto: Marcos Hermes
 
Sir Paul McCartney, 82 anos, ex-Beatle e multi-instrumentista, retorna a São Paulo, menos de um ano depois da sua passagem com a Got Back Tour. São Paulo ainda recebe mais uma apresentação hoje no Allianz Parque e dia 19/10, em Florianópolis, no Estádio Dr. Aderbal Ramos da Silva (Ressacada).

Esta é a sétima vez do britânico no Brasil, que leva muito a sério a famosa frase "Come to Brazil". Mas, cá entre nós, os melhores fãs e a melhor plateia do mundo estão aqui. Mesmo com um show muito parecido com o do ano passado, o músico britânico ainda consegue surpreender, seja pelo seu carisma e simpatia, ou por cada vez mais estar falando português super bem, um showman à parte.

O show, que começou pontualmente às 20h30, nos levou para uma viagem a partir de projeções no telão, com recortes da vida de Paul, desde criança, passando pela adolescência e pela fase adulta, com os Beatles, Wings, carreira solo e vários outros artistas que de alguma forma contribuíram com a carreira musical de McCartney.

"Hard Day's Night" dá início ao show e empolga o público logo de cara. O setlist apresentou, de forma muito democrática, os clássicos dos Beatles, Wings e carreira solo. Seguindo com "Junior's Farm" e "Letting Go", Paul não perde tempo e diz que vai tentar falar um pouquinho em português e depois em inglês. A dobradinha de Beatles com "Drive My Car" e "Got to Get You Into My Life", clássicos que ainda empolgam o mar de fãs presentes no Allianz Parque, e a emoção de ver um ex-Beatle é algo indescritível, porque a música deles ultrapassou e continua ultrapassando gerações.

Música como amor de infância

Falando em ultrapassar gerações, tive a oportunidade de conversar com um fã. Allan Charles, de 38 anos, é fã de carteirinha dos Beatles e principalmente de Paul McCartney. Allan já viu o ex-Beatle 8 vezes e viajou para Londres e Liverpool, passando pelos mesmos lugares que os Beatles passaram, um amor que nasceu logo na infância e passou de pai para filho, tio e sobrinho.

É incrível ver Sir Paul no palco, seja pelo vigor e seus inacreditáveis 82 anos em plena forma, tocando todos os instrumentos possíveis, fazendo dancinhas e brincando com o público a todo momento. E, é claro, que a famosa frase "o pai tá on" não poderia ficar de fora do show.
 
Foto: Marcos Hermes
 
As músicas "Come On to Me" e "Let Me Roll It" ganham uma versão com "Foxy Lady" de Jimi Hendrix, e os fãs começam a gritar "lindo, tesão, bonito e gostosão" enquanto Paul tirava o terno, na sequência "Getting Better". Paul vai em direção ao piano e toca "Let 'Em In", canção da banda Wings, e em seguida, ainda no piano, toca "My Valentine", música escrita em homenagem à sua esposa Nancy e diz que ela está presente no show.

Simpatia e carisma inesgotável

Entre uma música e outra, Paul não hesita em interagir, brincar e fazer suas dancinhas já conhecidas, sempre com muito bom humor. Sir McCartney se reveza entre diversos instrumentos e tem uma banda potente que o acompanha nas turnês. Um dos pontos altos do show, sem dúvidas, é o trio de metais, dando ainda mais brilho para esse espetáculo. É impossível não ficar encantada com cada detalhe do show; desde a iluminação, as projeções, tudo conta um pouco da história dessa lenda viva que é Paul McCartney!

A emocionante "Maybe I'm Amazed" soa como na gravação, assim como tantas outras músicas. "I've Just Seen a Face" e "In Spite of All the Danger" encerram a primeira parte de muitas outras que ainda viriam. "Love Me Do" é cantada por um estádio lotado, com fãs atentos a cada passo e nota dada pelo ex-Beatle, fazendo com que todos dancem e se abracem. "Blackbird" transforma parte da estrutura do palco em um lindo céu estrelado.

Paul toca "Here Today" e dedica a música ao seu "mano John" (Lennon), como ele mesmo diz durante o show. "Now and Then", música inédita dos Beatles, lançada em novembro do ano passado, é apresentada aos fãs, entre muitas lágrimas, enquanto momentos entre o quarteto eram compartilhados no telão.

Ainda em clima de homenagem, Paul toca um ukulele e dedica a música "Something" para George Harrison. Entre hits acertados, "Ob-La-Di, Ob-La-Da" agita os fãs, fazendo o público presente cantar a plenos pulmões em clima de festa, sem hora para terminar. A única pergunta que eu me fazia nessa hora era: "por que eu demorei tanto para ver um show do Paul McCartney?"

"Band on the Run", outro hit da banda Wings, empolga o público e prepara os fãs pelo que estava por vir. Uma boa dose de Beatles nunca é demais, concordam?

Catarse emocional
 
Foto: Marcos Hermes
 
Verdade seja dita, não houve uma só música que não fosse cantada em coro por todas as pessoas presentes. "Get Back" e a emocionante "Let It Be" foram tocadas com o Allianz Parque todo iluminado por celulares. "Live and Let Die" foi o ápice do que eu posso tranquilamente chamar de espetáculo, e esta que vos escreve não aguentou de tanta emoção e chorou, entendendo a tamanha dimensão do que viu e viveu ali. Em estado de catarse, minha ficha demorou a cair. Fumaça, labaredas de fogo, iluminação e projeção, combinadas com um instrumental magnífico, faziam uma junção mais que perfeita.

Crianças no colo dos pais, filhos, avós, casais e amigos de todas as idades cantando "Hey Jude" em coro. Então Paul diz para a plateia: "Só os manos, 'Na na na nananana, nannana, hey Jude'... E depois só as minas. Nossa voz era uma só, impossível não se arrepiar. Paul McCartney tem a plateia na palma das mãos e sabe muito bem o que fazer e como fazer. Era mágico!

Graças à tecnologia, tivemos o dueto virtual de Lennon e McCartney em "I've Got a Feeling". Não contrariando os fãs, "'Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" agitou os fãs, mas não mais que a empolgante "Helter Skelter".

A trinca de "Golden Slumbers", "Carry That Weight" e "The End" encerram essa noite mágica, noite de Paul, que poderia não acabar. Foram 34 músicas e quase 3 horas de show celebrando a vida e a obra de um dos caras mais geniais que temos no mundo e na música. Obrigada, Sir Paul McCartney, que honra.

Karla Beltrani

É colaboradora do site Rock On Board e apaixonada por música e Rock N´ Roll desde que se entende por gente e não vive sem uma boa trilha sonora! Adotou o Hard Rock como sua vertente preferida nesse enorme universo chamado Rock! Já foi vocalista de um Whitesnake Tributo, suas três bandas de cabeceira são: Aerosmith, Kiss e Whitesnake, além de ser fã assumida da banda KISS! Tendo a façanha de entrevistar personalidades do Rock como: David Gilmour (Pink Floyd) e Ozzy Osbourne (Black Sabbath)

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