Com ênfase no hip hop, Papa Roach faz rock soar fresco em novo álbum

 

Papa Roach

Egotrip
⭐⭐⭐✰✰3/5
Por  Bruno Eduardo 

O Papa Roach é uma das poucas bandas sobreviventes do finado nu-metal que continua na ativa lançando discos e fazendo turnês mundiais sem nunca ter dado uma pausa. É verdade que o grupo não chegou a repetir o mesmo sucesso comercial de seu segundo trabalho de estúdio - o consagrado Infest, que traz o hit rap-metal, "Last Resort". No entanto, eles sempre mantiveram uma persistência saudável na fórmula rock de guitarras+refrões grudantes, resultando numa coleção de hinos radiofônicos competentes em toda carreira ("She Loves Me Not", "Scars", "Hollywood Whoore", "Face Everything And Rise", são alguns exemplos). Para alegria dos fãs, Egotrip, décimo primeiro disco de estúdio do grupo, segue essa mesma regra e não decepciona.

Neste trabalho, o grupo volta a investir numa fórmula sonora que já vem se tornando uma síntese do som do grupo na última década, que é dar uma valorizada nos sintetizadores e desviar o caminho para o rap e o hip hop. "Kill The Noise", que abre o disco, é um bom exemplo disso. "Stand Up" também. Ambas possuem uma junção forte de guitarras e vocais baseados no rap e representam bem o que é o som do Papa Roach, e que se certa forma, mostram que sim, é possível atualizar o rock sem soar oportunista ou pasteurizado.


E a grande virtude do grupo, é que mesmo flertando com esses segmentos mais atuais, eles não perdem a fidelidade ao gênero. Tanto que a capacidade de criar o que muitos lá fora chamam de 'hinos rock', fica comprovada na melodia certeira de "No Apologies", canção típica do Papa Roach e séria candidata a ficar para sempre nos setlists dos shows. E para quem achou que a grupo ficaria apenas na zona de conforto, se enganou. Há o mergulho pop em "Swerve" - que conta com a participação do Fever 333 e do rapper Sueco.  Outra que também sai um pouco do rock tradicional é "Unglued", que mantém aquele esquema de canção hip hop com refrão rock, algo que é repetido à exaustão aqui.

No entanto, os melhores momentos do disco ficam reservados quando a banda segue o seu caminho de sempre, principalmente apoiados nos riffs de guitarra de Jerry Horton e na sempre boa performance do vocalista Jaccoby Shaddix - que raramente decepciona. É assim em "Cut The Line", e na visceral - e talvez maior pancada do disco - "I Surrender". Há também aquele espaço para a balada com a assinatura do grupo, que é o caso de "Leave A Light On", que traz violões e coros muito bem colocados.

Outro ponto a destacar é o fato de nenhuma música chegar a 4 minutos de duração. O que faz deste, um disco perfeito para todos os formatos, incluindo LPs e streamings. 

Em 'Egotrip', o Papa Roach oferece uma experiência auditiva sólida, que não reescreve a história do rock e nem pontua uma nova fase de sua carreira. Mas é uma trilha sonora concisa, que mostra uma tentativa do grupo em fazer o rock soar menos engessado em tempos atuais, e de quebra, agradar seus fãs, que ganharam um conjunto de canções para serem cantadas de cabo a rabo nos shows da banda.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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