Sepultura lava a alma dos headbangers com show renovado no Circo Voador

Derrick Green do Sepultura em show que marcou a estreia da turnê [Foto: Rom Jom]

Por  Zeone Martins 

O Circo Voador, entidade carioca, recebeu o Sepultura no último sábado, 12 de fevereiro. Mesmo a chuva não foi capaz de afastar um público que, em sua maioria, aos poucos volta a frequentar shows e eventos mais movimentados. 

Infelizmente, diversos adiamentos, necessários lockdowns, desinformação e irresponsáveis anti-vacina permeiam o Brasil (e o mundo), trazendo incertezas sobre várias atividades. O próprio Sepultura, que iniciaria o novo ciclo de shows no começo da pandemia, só agora retorna aos palcos e já recebe seu público e pessoas prontas para conhecer o trabalho da banda.

Na abertura, Dorsal discursa contra o governo

Carlos Lopes do Dorsal Atlântica [Foto: Rom Jom]

Quem abriu a noite foi o Dorsal Atlântica, banda dos primórdios do metal no Brasil, tendo a frente um enfurecido Carlos Lopes, pronto pra interromper o hiato, de 24 anos, sem shows com a banda. Com um repertório focado em Imperium, Canudos e Pandemia (2014, 2019 e 2021, lançados pela própria banda por crowdfunding), fez-se presente um discurso contra o atual presidente da república, que foi tanto ecoado, quanto bem recebido pelo público. A cada intervalo Carlos Lopes bradou pelo voto consciente, apontou injustiças sociais e declarou seu posicionamento para o pleito de 2022.

Dos trabalhos mais antigos, a banda apresentou "Metal Desunido", de Dividir e Conquistar (1986) e encerrou a apresentação com 2 músicas de Antes do Fim (1985): "Caçador da Noite" e "Guerrilha".

Sepultura esbanja técnica em show agressivo

Sepultura de volta aos palcos [Foto: Rom Jom]

O Sepultura, seguindo com o show às 23h, chegou com o jogo ganho. A estreia da turnê de Quadra (BMG, 2020) teve 8 músicas do novo disco somadas à faixas de Arise (1991), Beneath the Remains (1987), Machine Messiah (2017) e outros trabalhos com Derrick Green nos vocais, além dos sempre presentes Chaos A.D e Roots (1993 e 1996)

Com um ótimo som e um trabalho minucioso de luzes, a banda encarou um público que, em boa parte, conheceu a banda em sua segunda fase, já com o gigante frontman comandando o microfone. E há de se destacar a disposição do americano, que fez o show inteiro com uma perna imobilizada. Tecnicamente, Derrick também não dá uma escorregada sequer nos vocais e faz faz bonito em faixas como "Machine Messiah" (que utiliza vocais limpos) e "Phantom Self", do ótimo disco de 2017. Inclusive, em entrevista ao Rock On Board, o baixista Paulo Xisto afirmou: "Se não existisse o Machine Messiah, não haveria o Quadra".

O único porém da apresentação fica pelo volume de faixas pré-gravadas que o grupo usa em temas dos álbuns mais recentes, e que por vezes cobre o som da banda nos PAs. Não é nada que as próximas datas da turnê não corrijam, e vale ressaltar o quanto a banda está ensaiada, pois um primeiro show assim é para poucos. Para quem ainda tiver dúvidas sobre assistir o show do grupo nessa "Quadra Tour", uma palavra apenas: Imperdível.

Setlist Sepultura

Isolation

Territory

Last Time 

Means To an End

Kairos

Phantom Self
Capital Enslavement
Choke
Slaves of Pain
Guardians of Earth
Machine Messiah
The Pentagram
Raging Void
Convicted in Life
Infected Voice
Agony of Defeat
Refuse/Resist
Arise
Ratamahatta
Roots Bloody Roots

Zeone Martins

Redator, tradutor e músico. Coleciona discos e vive na casa de vários gatos. Ex-estudante de Letras na UFRJ. Tem passagens por várias bandas da região serrana e da capital fluminense.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem
SOM-NA-CAIXA-2