Incubus assume posto de banda veterana com disco honesto e sem aventuras

Foto: Divulgação
Após seis anos, Incubus está de volta com seu oitavo disco de inéditas
INCUBUS
"8"
Island Records; 2017
Por Bruno Eduardo


Sempre foi uma árdua tarefa tentar definir o som do Incubus. E deve ser ainda mais complicado para os fãs e críticos conseguirem avaliar o novo disco da banda de forma unânime. Mas é fácil demarcar alguns territórios em 8, seu novo conjunto de inéditas desde 2011. Mesmo que tenha sido produzido por Skrillex, este não é um disco pontuado por aventuras sonoras marcantes. Dessa vez, o Incubus reaparece perfeitamente encaixado no seu tempo, e soa pela primeira vez como uma banda de rock alternativo, veterana - devidamente consciente de sua atual fase. Talvez por isso, o grupo tenha optado por canções mais discretas, sem muitos efeitos ou alongamentos instrumentais. A capa do disco segue o mesmo caminho, sem rodeios: um "8" apenas. Não precisa de muito mais que isso.

De todo modo, você consegue encontrar várias cápsulas de nostalgia durante a audição íntegra do álbum, mostrando que sim, eles são capazes de fazer coisas tão significativas como nos áureos tempos. Só que agora a vibe é outra. "No Fun",  por exemplo, não é só uma das melhores canções de 8, como muitos fãs vem cantando por aí. A faixa entraria fácil numa compilação recente da carreira do grupo. Ela possui todo peso e melodia que marcou o petardo Morning View, lançado em 2001. Para ter uma ideia da coisa, a sonoridade da guitarra de Mike Einziger nesta música é algo não visto há alguns bons anos. A sequencia com "Nimble Bastard" causa a falsa impressão de um disco recheado de rocks. Infelizmente não. Mesmo assim, é um bela entrada.


"State Of The Art" é outra que não foge o roteiro "Incubus de ser". Ela é a cara da banda - ótimo vocal, melodias esparsas e refrão para cantar nos shows. "Glitterbomb" também, mas com uma atenção maior ao peso e habilidades de Brandon Boyd, que ainda passeia como poucos entre os fraseados suaves e o alcance de notas surpreendentemente altas.

O maior acerto do Incubus neste novo álbum foi deixar que as coisas soassem naturalmente instintivas. Isso acabou de alguma forma fazendo de 8, um conjunto coeso de canções, que se atraem até nos momentos mais estranhos. "When I Became A Man", por exemplo, soa como uma introdução bem humorada para a sonoridade crescente de "Familiar Faces". "É hora de sair da hibernação", suplica Brandon. Um pouco nostálgica (com direito a som de conexão via modem), "Love In A Time Of Surveillance" resgata um pouco a sonoridade noventista que deu base ao grupo nos melhores momentos da carreira. Já a faceta psicodélica do quinteto vem devidamente representada na instrumental "Make No Sound In The Digital Forest", que leva muito o estilo progressivo que eles adotaram na turnê do disco A Crow Left Of The Murderer.

Como todos os fãs já devem saber, 8 não representa uma guinada musical na carreira do Incubus. Ele apenas representa uma banda veterana de rock alternativo capaz de fazer músicas que soem únicas e coerentes com sua discografia. Em 8, o grupo mostra consciência de seus feitos e de sua fase atual, com um disco que só poderia ser feito por uma banda no planeta: eles mesmos.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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