Kool Metal Fest foi a celebração do metal extremo em São Paulo

Brujeria fechou o Kool Metal Fest em São Paulo [Foto: Fernando Yokota]
Por  Ricardo Alfredo Flávio 

Domingueira começando com horário de matine e barulho de gente grande, este é um bom resumo desta nova edição do Kool Metal Fest, que levou o bom público presente no Carioca Club, em São Paulo, ao delírio.

Com dois anos de estrada, as meninas da ESKRÖTA, vindas de Rio Claro e São Carlos, no interior de São Paulo, iniciaram a festa com a casa ainda enchendo, e empolgaram com seu crossover bem feito. Yasmin (vocal e guitarra), Tamy (baixo e voz) e Miriam (bateria) impressionaram o pessoal mais velho que não conhecia a banda, com boa presença de palco, atitude e engajamento, em assuntos como feminismo ou política, com letras em português, de sons presentes em seu EP Eticamente Questionável, de 2018 e o recém lançado split com a banda Afronta, de Fortaleza, e ainda mandar um cover dos Ratos de Porão, com ‘Aids, Pop, Repressão’. Como era festa, ainda fizeram uma homenagem e convidaram o amigo John para tocar um som na bateria, explicando que por um tempo ele segurou as baquetas da banda, enquanto a baterista Miriam passou um tempo em intercambio na África. Com o palco invadido e sem espaço, finalizaram um bom show. Meninas de parabéns!

Intervalo rapidíssimo, e chega a vez do CEMITERIO subir ao palco. Death Metal bem tocado, mas que foi um anticlímax. A empolgação com a banda anterior zerou, e, apesar da boa execução, faltou algo a banda. Mesmo assim, muitos dos presentes cantaram junto do vocalista Hugo as historinhas de terror que a banda conta em português.

Rápida arrumação e chega a próxima banda, vinda de Santos/SP, é a vez do SURRA mostrar a que veio! Desde 2012 na estrada, com inúmeros lançamentos e ritmo insano de shows por todo lugar possível, Leeo Mesquita, guitarra e voz, Guilherme Elias, baixo e Victor Miranda, bateria, arrepiaram com seu som rápido, violento e cheio de protesto. Com um novo disco na bagagem, o recém lançado Escorrendo Pelo Ralo, a banda seguiu o script de todos os participantes do evento, como as anteriores,  ‘homenageou’ o atual governo e, divertidamente, arremessou um pato amarelo inflável na plateia, em clara alusão ao ‘pato da Fiesp’, que levou a devida surra do público presente.

As bandas seguintes, NERVOSA e KRISIUN, são grandes conhecidas do público e, ambas, fizeram o esperado: shows com grande qualidade técnica, mostrando muita maturidade e profissionalismo, adquiridos com a experiência de inúmeras turnês internacionais, tocando nos maiores festivais de metal do planeta. E o metal brasileiro for export.

Ao contrário das cinco bandas anteriores, que subiram ao palco rigorosamente em seus horários previstos, o BRUJERIA, mais de 30 anos de estrada, demorou praticamente 45 minutos além do previsto para dar o ar da graça! Numa maratona dessas, foi o primeiro ponto negativo da noite, ficou cansativo.

Um garotinho apareceu sozinho no meio de palco e, após desejar boa noite, apresentou a banda, que iniciou os trabalhos com "Cuiden a lós Niños". O público foi a loucura e, executando as músicas, a banda continua poderosa, como sempre foi, mas, especificamente nesta noite, algo não deu liga! A cada música executada, intervalos intermináveis com muito blábláblá e conversa fiada, fizeram da apresentação ser diferente de todas as outras visitas do grupo a São Paulo.

Os clássicos estavam lá, "La Migra", "La Ley de Plomo", "Anti-Castro", "Colas de Rata", "Pito Wilson" e, claro, "Matando Gueros", além de faixas mais novas, como "Satongo", do último disco, ou "Amaricon Czar" e "Lord Nazi Ruso", críticas diretas a Donald Trump, presentes no EP lançado no começo deste ano, mas, a apresentação em geral foi burocrática, cansativa. O Brujeria que vimos esta noite deixou de ser uma banda perigosa, para se mostrar uma banda caricata. Após o maior sucesso deles, "Matando Gueros", mandaram sua versão para "Macarena", a divertida "Marijuana". E assim foi... Que voltem mais animados.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem
SOM-NA-CAIXA-2