Novo álbum do Muse não é nada além de uma viagem sem paradas obrigatórias

Muse retorna com proposta oitentista em novo álbum
Por Bruno Eduardo

Formado nos anos noventa, o Muse sempre chamou atenção por trazer autenticidade ao misturar vários clichês rock e de música contemporânea com maestria. Mas a banda ganhou o respeito mundial, tornando-se enfim um nome de primeira linha em grandes festivais, com o lançamento do ótimo Black Holes & Revelations, que traz canções grandiosas como "Knights Of Cydonia" e o hit levanta-defunto, "Supermassive Black Hole". A partir daí, a banda cresceu musicalmente e tentou lançar discos que coubessem em grandes arenas. E mesmo entre erros e acertos, eles conseguiram alcançar esse feito de forma efetiva.

Após agradar a crítica especializada com Drones, o Muse resolveu conceitualizar de novo no "oitentista" Simulation Theory, que evidencia na capa, o tema da nova aventura. Mas ao contrário de outras viagens propostas pela banda, aqui o grupo não vai além de um caminho em linha reta com poucos destaques. Infelizmente, Simulation Theory soa como um passeio de montanha russa em pista plana, sem mergulhos excitantes ou momentos de tirar o fôlego.

A abertura com "The Algorythm" até que chega a soar interessante para aqueles que esperavam algo novo, principalmente sabendo que eles apostariam em referências aos anos oitenta. Mas não é nada tão diferente do que eles já fizeram um dia. "Dark Side", também é outra que podemos chamar de canção básica do Muse, o que no fim das contas, até acaba sendo uma coisa boa. Mas a partir daí, o álbum segue um caminho sem paradas obrigatórias, com uma sucessão de canções sem quase nada a acrescentar. "Propaganda" é um exemplo desse conjunto de composições qualquer nota, baseadas primordialmente num synth-rock aventureiro.


 
Há poucas sugestões realmente interessantes em Simulation Theory, como "Break it To Me" e "Pressure", que mesmo não sendo tão fortes ao ponto de salvar a lavoura, acabam por soar coerentes ao que a banda propôs na última década. Sendo bem direto, "Thought Contagion" é a única faixa de Simulation Theory que traz a estética do véio Muse. Isso porque ela mantém uma fórmula que transformou a banda num dos grandes nomes de arenas mundiais: riffs cativantes e vocais perfeitos de Mathew Bellamy.

Você pode até tentar argumentar que esta é uma banda desafiando a si mesma, mas não vai colar. Eles já fizeram isso antes e correram o risco. Aqui não há riscos, e sim um esforço em convencer por algo que não é realmente interessante - nem para a banda, artisticamente falando, muito menos para os fãs. "Get Up and Fight" é um grande exemplo disso. 

Então, para resumir, o novo disco do Muse é até escutável pelo fato de ser muito bem acabado, tecnicamente falando, e contém sim algumas boas canções. O problema é que ele caminha numa linha pouco excitante entre o bem e o mal - com muitos mais erros que acertos. Por isso, é necessário fazer um adendo e deixar registrado que Simulation Theory não é um álbum horrível (ponto). Mas ele também não é bom mesmo (ponto final).
Cotação: 

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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