Cólera adere ao crowdfunding para lançar novo disco, que conta com últimas participações de Redson

Projeto de financiamento coletivo para o novo disco está no site do Catarse
Por Ricardo Alfredo Flávio

Neste ano de 2018, a banda CÓLERA completa 39 anos de atividades ininterruptas, caminhando forte dentro do underground, e trás à tona o último projeto de Redson.

Sem lançar disco desde 2006, quando foi lançado o álbum “Primeiros Sintomas”, que trouxe regravações das primeiras composições da banda, feitas entre 1979 e 1980, o Cólera na sequência fez sua terceira turnê europeia, em 2008, e em 2009 fez turnê comemorativa de 30 anos por todo o Brasil. Tudo caminhava e nos meus vários encontros com o trio, lembro-me de cada detalhe do Redson me contando sobre seu projeto, criar a “Ópera do Caos”, uma ópera-punk, dentro do que seria o novo disco do Cólera, já intitulado naquela época como “Acorde! Acorde! Acorde!”.

Quis o destino que Redson não terminasse seu trabalho, e em 27 de setembro de 2011, chegou a notícia que abalou o mundo underground, o punk pacifista Redson Pozzi, líder, vocalista e guitarrista do Cólera, uma das mais importantes vozes do movimento punk brasileiro, veio a falecer, aos 49 anos de idade.

Ainda atordoados, estive com Pierre e Val durante todo o velório e enterro de nosso amigo-irmão, e a única certeza era de que “a banda não acabou”, e “essa seria a vontade do Reds”. Passado pouco mais de um mês, acertou-se a data de um tributo, no icônico, e agora fechado, Hangar 110, casa do Cólera e de boa parte do punk nacional. Ali estiveram Val e Pierre no palco recebendo inúmeros amigos, para prestar homenagens ao Redson. Ratos de Porão, Inocentes, 365, Lobotomia, Cama de Jornal, Hell Sakura, Invasores de Cérebros, Lixomania, Horda Punk, Não Religião, Garotos Podres, Kolapso77, Skamoondongos, Sociedade Sem Hino, amigos, fãs, todos juntos numa comoção difícil de expressar em palavras, e ali, o menino Wendel Barros, ex-roadie da banda, amigo e aluno do Redson, que era acostumado a cantar uma ou outra música do Cólera em vários shows, a convite do Redson, assumiu pela primeira vez a responsabilidade de levar o grito adiante.

Passados 3 anos da grande perda, depois de contar com os serviços de Anselmo Pessoa (Kolapso77 / Skamoondongos) e Cacá Saffioti (Garotos Podres / Kolpaso77) nas guitarras, a banda estabiliza em sua nova formação, que além do baixo de Val, a bateria de Pierre e a voz cada vez mais à vontade e bem recebida de Wendel, conta com a guitarra do garoto Fábio Belluci, multi-instrumentista, que tocava baixo na banda Sociedade Sem Hino e tem o interessante trabalho solo Satélites Fora do Ar, que chega injetando o sangue novo que a banda precisava para retomar o antigo projeto.

Sem parar de tocar por todo o país, com direito ainda a uma fugida para shows na Colômbia, o Cólera passou a concentrar esforços na produção do esperado disco novo, e, partindo do que ficou inacabado lá em 2006, “Acorde! Acorde! Acorde!” começa a se tornar realidade. A banda já havia gravado parte deste repertório, ainda com o Redson, mas sem letras definidas, apenas no “embromation”, para sentir como estava ficando e as turnês acabaram por deixar o trabalho parado. Localizadas as letras prontas nos escritos que o Redson deixou em casa, encaixaram letras e músicas, escreveram algo que faltava, terminaram arranjos inacabados, ensaiaram muito, tocaram alguma coisa em alguns shows para sentir a receptividade do público e o trabalho finalmente está pronto.

Para viabilizar o lançamento, o Cólera resolveu partir para uma iniciativa de crowdfunding, ou financiamento coletivo, tão utilizado nos tempos atuais, que possibilita a artistas dos mais variados estilos a aproximação com o público alvo, que se torna participante ativo do processo de lançamento de livros, discos, filmes ou qualquer outra coisa que se pense em lançar. Com valores para atender a todo tipo de consumidor, as pessoas podem, a partir de R$ 10,00, ter o direito ao download oficial do disco, ou várias outras recompensas, que vão de CD’s, LP’s, camisetas, buttons ou até mesmo um show exclusivo da banda em sua cidade.

“Acorde! Acorde! Acorde!”, é um título de duplo sentido, primeiro seria um grito de ordem, para o ser humano acordar e se mexer contra tudo o que está errado, sair da zona de conforto, não ser guiado e obedecer passivamente a tudo o que o oprime. E num segundo ponto, é para lembrar musicalmente o punk rock, os três acordes básicos da música, que são o fio condutor, mas não são únicos, pois, em constante evolução, o Cólera trás sempre novas tendências e sonoridades, neste trabalho, além da pegada forte de sempre com baixo, guitarra e bateria, teremos um trio de metais trazendo um ar de novidade.

Iniciada em 30 de janeiro e com prazo até dia 07 de março, a campanha de financiamento está aquecida e a expectativa é que a meta seja cumprida antes do prazo final, para participar e conhecer maiores detalhes basta acessar: https://www.catarse.me/colera

Este é o CÓLERA! Forte e grande é você!

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

2 Comentários

  1. Puta matéria legal. Texto sensacional. Assunto de interesse de muita gente que curte CÓLERA e que acredita no novo trabalho ACORDE!ACORDE! ACORDE! Parabéns Cachorrão!!!

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