Rock in Rio 2017: No melhor jeito de satisfazer seus fãs, Guns N'Roses faz show mais longo do festival

Axl e Slash reunidos mais uma vez no festival após 26 anos (Foto: Diego Padilha)
Por Marcelo Alves

Depois do dia 2 de outubro de 2011, Axl Rose parecia fadado a nunca mais pisar num palco do Rock In Rio. Mais do que um show abaixo da crítica, as horas de atraso do cantor para se apresentar na chuvosa noite de encerramento do festival irritaram tanto Roberto Medina que o empresário idealizador do Rock in Rio chegou a declarar que Axl era uma figura riscada do seu restrito caderninho de headliners. E a troca pública de farpas, com a banda respondendo às críticas, só colocaram mais lenha na fogueira. 

Mas se Axl se reconciliou com seus ex-companheiros Slash e Duff McKeagan, por que não faria o mesmo com Medina? Ajudou muito também a campanha dos fãs, que ainda em êxtase pelas seis apresentações do grupo no Brasil com sua formação quase toda clássica,  iniciaram uma campanha para ver a banda no festival. Medina vislumbrou a oportunidade, disse que as diferenças estavam superadas e lá estava Axl Rose no palco com seus velhos "parças" para fechar mais uma noite do Rock in Rio. A quarta da história da banda. 

Talvez como se estivesse em dívida com o público do Rock in Rio, Axl se viu na obrigação de começar na hora (o que aconteceu) e fazer um show épico. Bom, no que diz respeito a sua duração não há dúvida quanto a isso. Foram 32 músicas em quase 3h30min de espetáculo que avançou até depois das 4h da madrugada de domingo. 

Muitos não conseguiram chegar até o fim. Pelo contrário, pode-se dizer que o público foi se dispersando aos poucos. A primeira leva grande foi embora depois de "Sweet Child O'Mine". Outra foi após "November Rain" e um terceiro grupo saiu ao fim de "Nightrain". Natural. Axl impôs um tour de force que para muitos é muito cansativo após um dia inteiro de shows. Mas quem não arredou o pé encontrou fôlego para cantar "Paradise City" no encerramento do show. 
Axl no Rock in Rio: voz é maior vítima da idade avançada (Foto: Diego Padilha)
Quanto a qualidade do espetáculo, porém, o Guns voltou a se ver refém do seu calcanhar de Aquiles do momento: a qualidade vocal reticente de seu líder. É inegável que a voz de Axl nunca mais foi a mesma dos discos 'Appetite for Destruction' (1987), 'Use your Illusion I e II' (ambos de 1991). Naquela época, o Guns era dono do mundo e Axl uma estrela incontestável. Dos últimos tempos para cá, quando a banda veio várias vezes ao Brasil, sempre se alternou momentos em que Axl cantava bem ou até de uma forma aceitável com outras que ele ia mal. E essa foi a diferença para o show de novembro do ano passado, que também fazia parte da atual turnê "Not in this lifetime". No Engenhão, Axl parecia em melhor forma. Na Cidade do Rock, ele viveu o seu dia "hoje não" com a voz. 

E esse problema ficou ainda mais evidenciado porque minutos antes havia se apresentado no Palco Mundo um impecável Roger Daltrey no alto dos seus 73 anos. A comparação com o vocalista do The Who seria inevitável nestas circunstâncias. Ainda que ambos cantem estilos diferentes no rock. De certa forma, parece que o Guns vive uma sina de ser ofuscado quase sempre quando toca no Rock in Rio. Em 1991, o Faith no More roubou a cena. Em 2011, o System of a Down superou e muito o Guns e agora o The Who fez um dos melhores shows do festival enquanto o Guns apenas não foi tão incrível quanto se esperava. 

Mas é claro que a apresentação do Guns teve vários pontos altos. Muitos deles graças a Slash. Coube ao guitarrista segurar as pontas com seus solos, seu carisma nato e sua competência. Slash é, muitas vezes, a alma dessa banda.

O repertório que o público viu no Rock in Rio não foi muito diferente do que foi visto no Engenhão há menos de um ano. O Guns tocou todos os sucessos possíveis da carreira e insistiu nas dispensáveis canções do controverso 'Chinese Democracy', o álbum que demorou 14 anos para ser lançado e ainda resultou num produto ruim. 

As diferenças ficaram por conta da inclusão de dois covers: "Black Hole Sun", do Soundgarden, homenagem ao recentemente falecido Chris Cornell, que vinha sendo incluída nos shows da turnê, e "Wichita Line Man", de Jimmy Webb. Além de "Patience". "Out ta get me" foi retirada do set. 

O saldo final para o fã do Guns, no entanto, foi muito positivo. Ele ouviu tudo o que queria. Principalmente os que resistiram heroicamente até o fim do show madrugada adentro.

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Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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