Elder lança "Reflections Of A Floating World", um dos melhores discos de stoner rock do ano

Elder segue se consolidando como um dos grandes nomes do stoner mundial
ELDER
"Reflections Of A Floating World"
Armageddon Label; 2017
Por Lucas Scaliza


Deem logo uma coroa aos músicos do Elder. A banda americana de stoner metal conseguiu superar o ótimo resultado que obtiveram em Lore (2015) e chegam muito perto do nível de clássico com o álbum duplo Reflections Of A Floating World.

Com músicas bastante longas (de oito a 13 minutos!), conseguem fazer com que cada uma seja seu próprio universo de riffs e pegada instrumental, fazendo do álbum uma galáxia inteira. Não é brincadeira. “Sanctuary”, que abre o álbum, já faz o fã do estilo sorrir com um riff incrível. Depois que baixo e guitarra com distorção poluem tudo então, é só correr para o abraço.

Dessa vez há algo de mais místicos no som feito pelo trio. Algo mais pinkfloydiano, se você preferir, e dá pra dizer que até tem passagens mais claramente progressivas (como “The Failing Veil” e “Blind” deixam bastante claro). Eles não usam sintetizadores como o Samsara Blues Experiment e com certeza fogem da abordagem mais direta do Mothership. As passagens mais etéreas são feitas aproveitando dedilhados de guitarra, a exploração de efeitos de pedal e um teclado que aparece aqui e ali, nunca roubando a cena. E sempre carregam o som com a energia necessária para manterem-se instigantes como sempre.

Como já era de se esperar, o disco é paulada atrás de paulada, riff atrás de riff e solos animalescos que parecem brotar naturalmente de dentro da massa de overdrive dos instrumentos de corda. Até mesmo a jam instrumental “Sonntag”, a faixa mais calma, é deliciosa em sua condução rítmica e temperada com acid rock, desembocando finalmente na psicodélica e intensa “Thousand Hands”.

A dinâmica continua sendo uma das armas mais interessantes que o Elder tira da algibeira. Quando você acha que não dá para ter mais pressão no som, eles conseguem fazer tudo soar ainda mais épico ou mastodôntico (como certas passagens em “Staving Off Truth”).

O trio é formado pelos habilidosos Nicholas DiSalvo (vocal, guitarra e teclado), Jack Donovan (baixo) e Matt Couto (bateria). Dessa vez, no entanto, contaram com contribuições de Michael Samos (pedal steel, que dá o tom pinkfloydiano do trabalho) e Michael Risberg em uma segunda guitarra, que é chave para conseguirem elevar a dinâmica aos níveis épicos pelos quais Reflections Of A Floating World merece ser reconhecido.

As faixas são compostas de tantas partes boas que é necessário ouvir diversas vezes para começar a colocar os pedaços de música em ordem dentro da cabeça, aprendendo a organizar esse universo todo. Mas a primeira ouvida é impactante. Quem já conhece a banda de Boston sentirá que está diante de algo realmente grande neste quarto álbum. E quem não a conhece deverá cair a seus pés e perguntar: “por onde foi que vocês andaram esses anos todos que não estavam na minha playlist?”

'Lore' é para sempre um dos discos mais consistentes de stoner metal que já ouvi. 'Reflections' é o stoner metal que expande seu próprio mundo, mostrando que o Elder olha para a frente e não entrega nem um minuto de música que fique abaixo do ótimo.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem
SOM-NA-CAIXA-2