Morre Chris Cornell, vocalista do Soundgarden e Audioslave

Foto: Divulgação
Chris Cornell foi um dos principais ícones do movimento grunge
Morreu nesta quarta-feira (17) à noite aos 52 anos, em Detroit, o músico Chris Cornell, vocalista do Soundgarden e também do Audioslave. O músico havia se apresentado na quarta à noite com sua banda no Fox Theatre, em Detroit. Nesta quinta (18), Cornell participaria do festival “Rock the Range”, em Columbus.

Cantor teria cometido suicídio

De acordo com a polícia de Detroit, o cantor Chris Cornell, encontrado morto na noite de quarta-feira (17) em Detroit, cometeu suicídio por enforcamento. Em nota do TMZ, publicada nesta quinta, conta que a esposa do cantor - Vicky Cornell - conversou com o vocalista antes e depois do show de Detroit, e ela afirma que seu marido não demonstrava sinais de depressão e nem que poderia se matar. Durante boa parte de sua carreira, Cornell teve problemas com drogas e álcool, mas afirmou estar sóbrio desde 2003. Há cinco anos, o vocalista criou uma organização para cuidar de crianças sem-teto. Cornell deixa esposa e três filhos. 

Nascido e criado em Seattle, Cornell foi um dos principais ícones do movimento grunge. O cantor fundou o Soundgarden em 1984 e teve participação direta na formação do supergrupo Temple Of The Dog, sendo um dos padrinhos de Eddie Vedder em Seattle, acolhendo o cantor do Pearl Jam no início de carreira. Com o Soundgarden, Chris Cornell alcançou a fama com os discos Badmotorfinger e -principalmente - Superunkonwn, que contém o superhit "Black Hole Sun", lançado em 1994. Com o fim do Soundgarden, o cantor seguiu em carreira solo e depois formou o Audioslave com os integrantes do Rage Against The Machine, alcançando grande sucesso no mainstream.

Cornell voltou com o Soundgarden em 2010 e no momento estava dedicado aos seus vários projetos paralelos. Ele esteve no Brasil no fim do ano passado para uma apresentação acústica de todos os sucessos de sua carreira [leia resenha AQUI]. Ele também tinha se reunido com os outros integrantes do Temple Of The Dog para comemorar os 25 anos do disco em que prestou tributo ao amigo e vocalista do Mother Love Bone, Andrew Wood. O grunge que já tinha perdido Kurt Cobain, Layne Staley e Scott Weiland, fica órfão mais uma vez com a morte de outro grande cantor e símbolo de sua geração dourada.

De um fã para Chris

Por Rafael Rodrigues, repórter colaborador do site Rock On Board.

Cornell, hoje não quero escrever sobre tristeza, já que me deste alegria por tantos anos (não necessariamente alegria, mas euforia matinal, muitas vezes). Quero apenas agradecer por tudo que fez por mim e por milhares de fãs no mundo inteiro.

Lá nos já longínquos anos noventa, você me ensinou a ter uma identidade musical. Foi você, cara! Foi quando ouvi uma música sua pela primeira vez que eu pensei: é isso! Foi isso que procurei o tempo todo! Suas superbandas, seus trabalhos essenciais à música, sua versatilidade, seu carisma, sua serenidade. Infelizmente, em algumas de suas músicas haviam sinais claros de uma depressão que te assolava silenciosamente, mas eu sempre escolhi acreditar que eram apenas músicas e não seus sentimentos sinceros, sua agonia interna. Infelizmente, eu devia estar errado.

Soundgarden, Temple Of The Dog, Audioslave, sua carreira solo, sua influência. Parece que você aguentou até onde deu, né meu amigo? Mas fez com primazia o que se propôs. Deixou uma obra fantástica. Não digo que fez tudo que poderia fazer, pois para a música e talento não há limites, mas você vai embora com seu dever cumprido, sim! Um dia irão reconhecer que o álbum 'Temple Of the Dog', que completou 25 anos recentemente, é um dos maiores discos da história do rock - e ele estará sim, em várias listas futuras. Seu nome também estará nas listas mais importantes de vocalistas que já pisaram neste planeta. Seu timbre, nossa, um dos mais imitados e influentes, será sempre inconfundível e admirado. 
Um dia irão reconhecer que o álbum 'Temple Of the Dog' é um dos maiores discos da história do rock
O Soundgarden sempre foi um capítulo a parte em sua biografia pessoal. Foi onde o sucesso começou e onde ironicamente sua carreira terminou. Sua volta, seus grandes shows em ótima forma, tudo isso deve ter sido pensado. Pois você fez isso genuinamente, como que se despedindo do seu público e AQUI foi conferido e relatado por este admirador de sua obra. 

Aos que são fãs, como eu, não chorem ou, ao menos, tentem não chorar. Eu não consegui. Coloquem um grande álbum do Soundgarden para tocar e cantem com voz rasgada. Pegue aquela sua blusa de flanela - guardada para momentos especiais, como shows importantes - e saia por aí, como se estivéssemos nos anos noventa. Faça a sua homenagem pois ele merece! Aproveita que, pelo menos no Rio de Janeiro, o dia está nublado, meio frio, bem típico de Seattle, e saia por aí cantando "Outshined" ou qualquer outro sucesso dele bem alto! Apenas não aconselho ouvir - não hoje - o disco Euphoria Morning, pois ali ele já parecia anunciar que a coisa era bem séria e sombria pra ele.

Obrigado, Christopher John Boyle, obrigado pelos 25 anos em que me fez e mais milhares de pessoas mais felizes por ter sua música. E um dia nos encontraremos e eu poderei agradecer pessoalmente por isso...

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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