Papa Roach supera problemas de luz, mostra música nova e faz show empolgante em SP

Foto: Adriana Vieira
O carismático Jacoby Shaddix em mais uma incansável performance
Por Bruno Eduardo

Faltavam mais de três horas para o início do show e a fila para assistir a primeira vez do Papa Roach na cidade já dava volta no quarteirão. O clima de ansiedade era explícito. Ainda mais por se tratar de um público jovem, onde muitos ainda eram crianças quando o grupo apareceu no Brasil em 2001 - num show que pouca gente guarda na memória. 

No entanto, é importante frisar que nesses últimos 15 anos, o Papa Roach sofreu uma das melhores mutações possíveis e com isso, podemos dizer que o público brasileiro recebe a banda num momento muito mais apropriado da carreira. O hard infundido com elementos eletrônicos na ótima "Face Everything And Rise", que abre o show desta noite, mostra essa evolução musical do quarteto. Isso fica ainda mais evidente na canção seguinte, "Crooked Teeth", pancada das boas e que fará parte do próximo disco, que será lançado no início de 2017. 

Mas quando o assunto é show de rock, o Papa Roach continua sendo uma das bandas mais excitantes e efetivas que o público pode ter. Nem mesmo o "apagão" na iluminação sofrido logo na sexta música, "Hollywood Whore" (deixando a banda sem qualquer luz frontal até o fim da apresentação), conseguiu tirá-los do trilho. O grupo minimizou a situação e seguiu em frente como se nada tivesse acontecido. "Foda-se as luzes!", declarou Jacoby, para a alegria dos fãs.

Foto: Adriana Vieira
O palco ficou escuro mas a banda não perdeu o gás
Como já era esperado, a banda não fez muito diferente no repertório e manteve praticamente a mesma ordem de músicas dos últimos shows. A maior ausência foi mesmo "Broken Home", que estava prevista no setlist e foi substituída por "Broken As Me", de seu mais recente trabalho, FEAR. O álbum, lançado no ano passado, foi o que mais serviu músicas ao show desta noite. Já o comemorado Infest, apareceu logo no início numa versão voraz de "Between Angels And Insects". Jacoby também homenageou os 'velhos fãs' ao anunciar outra canção deste trabalho: "Blood Brothers", e falou de um momento ruim da sua vida, ao contar a história da balada "Scars", tocada em formato voz e violão, com direito a cantoria coletiva e celulares acesos. 

Durante toda a apresentação, o vocalista tentou manter-se sempre conectado com os fãs. Em vários momentos fazia sinais e apontava para alguns deles. "Ei, você é muito doida menina!", brincou. Na tentativa de apagar qualquer má impressão por nunca terem conseguido vir à cidade, Jacoby pediu desculpas pelo 'furo' e alegou um problema na voz quando o Papa Roach cancelou três apresentações no Brasil em 2013. No entanto, os fãs não parecem muito ressentidos com a banda. Cantaram e participaram do show o tempo inteiro. Seja enchendo balões brancos para incrementar na interatividade com a banda ("Gravity") ou sugerindo músicas antigas que foram não atendidas ("She Loves Me Not").

No fim, o Papa Roach aumentou a temperatura do show com duas pancadas do ótimo The Connection: "Where Did the Angels Go?" e a insuperável "Still Swingin'". O já esperado bis se deu com o superhit "Last Resort" e fechou na fortíssima "...To Be Loved", com direito a invasão da galera na pista Premium. Mesmo que este seja um show que valeu por cada minuto de espera, a torcida é que a próxima vez não demore tanto a acontecer. Afinal, foi uma noite inesquecível para quem conseguiu realizar esse sonho de ver a banda ao vivo pela primeira vez! Viva La Cucaracha!

Na abertura, Sioux 66 mostra presença e ótimo som
Foto: Adriana Vieira
O vocalista Igor Godoi com o crachá de identificação do Papa Roach
A paulistana Sioux 66 comprovou mais uma vez que vem sendo uma escolha acertada para abrir grandes shows na capital. Após abrirem para o Aerosmith no Allianz Parque, a garotada teve agora a tarefa de segurar a ansiedade dos fãs do Papa Roach num Tropical Butantã lotado. Com muita segurança, o grupo mostrou seu hard rock numa performance enérgica e de canções muito bem acabadas. A banda subiu ao palco com a ótima "Caos", que abre o novo álbum do grupo (de mesmo nome), e seguiu seu repertório com outras canções que servem de padrão para o gênero, como "Porcos" e "Tudo Que Restou", que trazem críticas ao modelo político que assola o país. Outro momento de destaque, foi a versão pesadona para os Paralamas do Sucesso em "O Calibre". Sonoramente, a banda também ganha forma pela qualidade dos músicos e pelos lampejos do excepcional guitarrista Mika Jaxx. "Agradecemos ao Papa Roach por nos dar essa oportunidade de tocar aqui para vocês", disse Igor, que finalizou o show debaixo de aplausos do público presente.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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