E aí, Coverdale, vai ou fica? Saiba como foi o show do Whistesnake no Rio

Foto: Amanda Respicio
David Coverdale segue na dúvida quanto ao futuro da carreira
Por Rosangela Comunale

Reenergizante. A palavra pode muito bem resumir o atual momento musical de David Coverdale e sua trupe do Whitesnake. Afinal de contas, não é à toa que, em recente entrevista a uma rádio lá da Macedônia, o cara assume que o fato de ainda escrever novas músicas e a companhia de novos músicos americanos simplesmente o “revitalizaram” e cogitaram a ideia de, por ora, não se aposentar.

Apesar desse papo todo de “revitalização”, Coverdale deixou o povo do Rio com a famosa “pulga atrás da orelha”. Ao ensaiar um “obrigado” e falar com o público depois da quinta música, fez gesto jocoso, do tipo chorando, dizendo que poderia ser a última vez no Rio. Claro que o povo reagiu dizendo que não.

A boa notícia é que, depois do último show morno que rolou na Praça da Apoteose, em 2013, o Whitesnake admitiu a mea-culpa e mostrou a que veio. Desta vez, em vez dos longuíssimos solos instrumentais, a banda foi mais sagaz, distribuindo sutilmente os solos, fazendo com que Mr. Coverdale pudesse poupar sua voz e arriscar seus agudos. Sim, que não são como os de antigamente, mas foram capazes de comandar a plateia com gritos de ordem “Make some f****** noise, Rio”, na clássica “Here I Go Again”, ponto máximo da noite com um público participativo e cantante, deixando o novo guitarrista, Joel Hoekstra, visivelmente surpreso ao ver que brasileiro, sim, pode falar inglês.

Foto: Amanda Respicio
Joel Hoekstra distribuiu solos e carisma para o público brasileiro
Aliás, Joel Hoekstra... Podes crer. O cara é um mix de virtuose e carisma. No solo de guitarra que dividiu com o mais pacato Reb Beach, mandou ver com inserções do tipo flamencas e, por que não, um mise-en-scène digno de qualquer mestre da guitarra.  O Senhor Simpatia fez de tudo para interagir com o público: jogou setlists, distribuiu palhetas, jogou beijos, sorrisos e até paparicou uma senhorinha cadeirante que estava no canto da pista e recebeu toda a atenção. Aliás, não só dele como também de Coverdale. Já o baixista Michael Devin, ao fim do show, percorreu todo o palco tirando uma selfie do público que estava bem à frente.

O tecladista italiano Michele Luppi, novo na line-up assim como Hoekstra, teve uma atuação tímida e, mesmo assim, foi o suficiente para lembrarmos do famoso solo de Jon Lord em "Burn".  O “buona gente” poderia ter ganhado mais espaço na apresentação. Só acho. Já o batera Tommy Aldridge deu um outro show à parte num solo em meio a “Crying In The Rain” com direito a altas expressões corporais. Este verdadeiramente toca de corpo e alma.

Foto: Amanda Respicio
A idade avançada não impediu um show enérgico de Coverdale
Aí, você pergunta? Qual o saldo que resta ao fim deste show de pouco mais de uma hora? A certeza de que uma boa equipe é tudo. Coverdale, mesmo sendo esta lenda do rock, provavelmente, não impactaria atualmente caso não estivesse acompanhado desses músicos da nova safra. Talvez seja este o motivo de ele ainda não ter se decidido se “vai ou fica”. Afinal, como ele mesmo disse recentemente: “Fico mais inspirado a procurar coisas novas no futuro com esses caras. Eles são músicos fabulosos, grandes pessoas”. Fica o suspense.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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