Saiba como foi o show do Extreme no Rio de Janeiro

Foto: Luciano Oliveira

Por Bruno Eduardo

O Extreme veio ao Brasil para celebrar os 25 anos de seu álbum mais famoso, Pornograffitti. No entanto é bom lembrar que o disco só ficou popular por conter nele o super hit "More Than Words" - aquela baladinha voz e violão, que foi trilha sonora dos recreios escolares nos anos noventa, e que esteve presente na maioria das coletâneas rock ballads lançadas na história. Essa canção, aliás, foi a única do disco cantada de forma uníssona pelo público que esteve presente na Fundição Progresso - público tímido diga-se de passagem. Porém, o que muita gente não sabe até hoje é que o Extreme não tem nada de mela-cueca. O som da banda sempre foi guiado por guitarras rasgadas - mesmo chupando descaradamente algumas bandas do primeiro time do hard rock mundial, como Van Halen e Aerosmith - principalmente do segundo. 

Para comprovar que Pornograffitti não era um disco de uma faixa só, o grupo liderado pelo guitarrista Nuno Bettencourt executou com muita energia todas as músicas do álbum, seguindo a ordem do LP. O incansável Gary Cherone, com seus trejeitos replicados de Steven Tyler - até mesmo utilizando um écharpe de pescoço - surpreendeu pela energia. Em mais de duas horas de apresentação, ele manteve-se elétrico, e a voz, embora desgastada na parte final, ficou na média. Aliás, é bom ressaltar o competente trabalho de backing vocal do baixista - e por que não vocalista? - Pat Badger. Do festejado álbum, vale destacar as execuções de "Decadence Dance", "Get The Funk Out" e "It's A Monster" - todas com muita pressão e demonstrando que a banda continua firme. No final da primeira parte, o segundo hit - também acústico - "Hole Hearted", e uma versão curta - e por isso, dispensável - de "Crazy Little Thing Called Love" do Queen, encerraram a parte previsível do script.

Embora o local já tivesse perdido grande parcela de sua audiência, a banda reiniciou o número com uma segunda parte do show, onde foram inclusas as músicas que não fazem parte de Pornograffitti. Porém, das sete que vieram a seguir, apenas "Rest in Peace" - do disco III Sides To Every Story (lançado em 1992) - e "Play With Me" empolgaram o já reduzido público que tinha teimado em ficar até o final. O que muitos questionaram, e com certa razão, foi a escolha das faixas do suposto bis. Poderiam ter colocado pérolas como o funk metal à la Living Colour, "Politicalimity" ou a antigona "Little Girls", do álbum de estreia da banda, ou até mesmo "Cynical", hit da fase Waiting For The Punchline. Mesmo assim, o público da grade, se deliciou com os solos de Nuno e algumas das canções que marcaram a fase mais conhecida da banda. E aos que foram lá só por "More Than Words", uma surpresa: descobriram - finalmente! - que a banda é de rock 'pauleira' mesmo.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

2 Comentários

  1. nunca use um enchárpino no pescoço porque? não é ofensa ser comparado ao Steven Tyler,esqueceu das maiores bandas influências dessa banda mas você a conheceu ontem,então esta tudo do bem no escreve,escreve...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Carmem, obrigado pela participação. Ser comparado a Aerosmith e Steven Tyler sempre vai ser um elogio. Aliás, eu comprei o LP Pornograffitti em 1990 exatamente porque a presença de palco deles lembrava Aerosmith. E no caso do Extreme é normal ter eles como referência, afinal, ambos são filhos de Boston. Sobre utilizar acessórios de pescoço, nada contra, mas só quis dizer no texto que a devoção de Gary por Steven Tyler é grande, apenas isso. Obrigado mais uma vez pela leitura!

      Excluir
Postagem Anterior Próxima Postagem
SOM-NA-CAIXA-2