Saiba como foi o Monsters Of Rock 2015 com Ozzy, Kiss, Judas Priest e mais...

Foto: Vinicius Pereira
O mito de Ozzy Osboune reina absoluto no Monsters Of Rock
Os monstros do rock invadiram São Paulo neste fim de semana

Por Bruno Eduardo

A edição comemorativa de vinte anos do festival Monsters Of Rock reuniu neste fim de semana alguns dos maiores nomes do metal e do hard rock mundial. Recebendo um bom público - cerca de 65 mil pessoas - a Arena Anhembi cresceu bastante se comparada a última edição (2013). Esse ano, o evento ganhou até uma Área Gourmet - seria a gourmetização do metal? - e um shopping center para roqueiros ("Galpão do Rock"). Do line up, a ausência de bandas nacionais foi a única coisa realmente sentida pelo público. Entre Deuses do metal em cima do palco e cancelamentos em cima da hora, o Monsters Of Rock mantém a escrita como o mais tradicional festival dedicado ao público headbanger no Brasil. Confira abaixo alguns dos principais shows do festival.

KISS
Foto: Camila Cara
 
Até os mais fanáticos concordam: se você já viu um show do Kiss, certamente você já viu todos - o que não quer dizer que você não precisa ver de novo, e de novo, e de novo. Muito pelo contrário. Afinal, só o Kiss é capaz de fazer você reconsiderar o termo "show de rock" pelo menos uma vez na vida.
  
É ridículo pensar que após quatro décadas, tudo continua funcionando de forma magistral. Afinal, todo mundo sabe dos manjados - e igualmente indispensáveis - elementos tradicionais para um show do grupo: fogos de artifício, luzes de palco impressionantes, foguetes sendo disparados da guitarra de Tommy Thayer, e os vôos sobre a platéia

O mesmo se aplica ao repertório. Com a inclusão de uma ou outra música mais atual ("Hell or Hallelujah"), a banda continua batendo nos clássicos. "Detroit Rock City", "Creatures Of The Night" e "War Machine" são algumas das pedradas iniciais. Já em "Do You Love Me", o telão mostra fãs debulhados em lágrimas. O falante Paul, joga para a plateia em diversos momentos - inclusive rasgando elogios a uma de nossas paixões nacionais: "adoro bundas brasileiras", diz. Em um domingo dedicado ao metal, o grupo acertou em cheio ao priorizar as versões robustas de "Psycho Circus", "Lick it Up" e "I Love it Loud" - com Gene Simmons babando sobre o público.

Antes de executar "God Of Thunder" às alturas, Gene promoveu seu freak show - cuspindo sangue e abusando de distorção e caretas. Já Paul Stanley - com a voz já bem desgastada - voou de um lado à outro do Anhembi, para cantar "Love Gun" e "Black Diamond" (em um pequeno palco improvisado). 

"I Was Made for Lovin' You" inicia a parte final do show, até que canhões criam uma atmosfera quase interminável de papéis picados para o refrão à plenos pulmões de "Rock And Roll All Nite". O som baixo de "God Gave Rock 'n' Roll to You II" (direto da mesa) continua sendo a trilha sonora perfeita para o encerramento de um grande show de rock.

"Você queria o melhor, você teve o melhor!"


OZZY OSBOURNE
Foto: Camila Cara
 
Como avaliar uma figura mitológica? Há espaço para exigências? Essas duas perguntas martelaram minha cabeça durante uma hora e meia de catarse coletiva entre fiéis e o deus vivo do metal, Ozzy Osbourne. 

Pouco importa se ele vai tocar o mesmo repertório de um ano atrás. Importa menos ainda, se ele ignora clássicos como "No More Tears", "Perry Mason", "Mama I'm Coming Home", "Goodbye To Romance" e "Diary Of A Madman". Ao todo, nove das treze músicas presentes no setlist foram de canções do seu primeiro disco solo - o petardo Blizzard Of Oz - ou da fase Sabbath. Da fase Zakk Wylde então, apenas "Road To Nowhere" e "I Don't Wanna Change The World". Mas quem é Zakk Wylde? Estamos falando de mitos, não de reles mortais. 

E daí se a banda precisa baixar dois tons para que ele consiga cantar músicas como "Crazy Train", ou arrastem hinos como "Mr. Crowley" para que o vovô Ozzy possa acompanhar as letras com a ajuda de um teleprompter. O importante mesmo, é que ao invés de estar em casa gravando capítulos de reality shows, ele está em cima de um palco pulando, dando banho de água no público da primeira fila, fazendo piadas, e principalmente, dignificando a origem de um gênero - imortalizado pelo próprio - ao cantar canções como "War Pigs" ou "Iron Man". 

Essa é a segunda vez que Ozzy se apresenta no festival. A primeira, para quem não se lembra, foi em 1995 - quando estivera acompanhado de Geezer Butler. No entanto, a apresentação desta noite não chega perto da antológica performance de vinte anos atrás, mas é muito melhor do que a sua última passagem, em 2011. Aos 66 anos, a voz é a maior vítima da idade avançada. Mesmo assim, o cantor possui uma capacidade - messiânica - de entreter qualquer público no mundo. Seja ordenando um mar de mãos, ou utilizando as mesmas frases repetidas por décadas: "Eu não - fucking - consigo ouvir vocês!"

De sua "nova" banda de apoio, destaque para o super baterista Tommy Clufetos e o tecladista/guitarra base Adam Wakeman - ambos acompanharam o Black Sabbath na turnê de reunião em 2013. Já o guitarrista Gus G, é mais virtuoso que os anteriores de cargo, só que dificilmente entrará na lista dos consagrados Randy Rhoads, Zakk e Iommi. A maior prova disso, é que nos shows da atual turnê - assim como nesse do Monsters -, nada foi tocado do disco Scream, gravado por Gus. Mas... E daí? 

Cara, você não está entendendo. Aquele ali em cima do palco é o Ozzy Osbourne!


JUDAS PRIEST
Foto: Camila Cara
 
Após uma notícia ruim (cancelamento do Motörhead), só mesmo o Judas Priest para lavar a alma dos bangers com uma verdadeira celebração ao metal. Tudo bem que não foi o tempo de apresentação prometido pela produção do evento - eles tocariam meia hora a mais para compensar o cancelamento do show anterior - mas serviu para que o grupo não precisasse limitar o repertório - repetindo assim, quase o mesmo número apresentado em shows solo [veja como foi no Rio]. 

O som baixo em "Dragonaut", música escolhida para abrir o show do Monsters, foi corrigido a tempo para que o grupo já enfileirasse alguns clássicos de várias fases da carreira, como "Metal Gods", "Victim Of Changes", e "Love Bites" - que fez a alegria da galera que curtiu a fase oitentista do grupo. Aliás, a camisa com o símbolo do disco Defenders Of The Faith foi maioria esmagadora entre os fãs da banda - seguida pela navalha clássica de British Steel.

Aos 63 anos de idade, Rob Halford ainda surpreende muitos com sua desenvoltura vocal. Desfilando uma vasta coleção de casacos de couro, Rob mantém a voz em alto nível - seja utilizando seus agudos característicos ou variando timbres em músicas do novo álbum, Redeemer Of Souls (lançado em 2014). Outro que roubou a cena foi o guitarrista Richie Faulkner. Incumbido de substituir o icônico K.K.Downing, o novato não deu chances para que os fãs sentissem saudades do integrante original. Dono da maioria dos solos principais, ele fritou a guitarra em canções consagradas como "Devil's Child" e "Breaking The Law" - deixando por muitas vezes, o veterano Glenn Tipton como mero coadjuvante. O momento pop do grupo apareceu forte em "Turbo Lover" - com refrão cantado por trinta mil pessoas - e no final com "Living After Midnight". Rolou ainda o passeio clássico de motocicleta em "Hell Bent for Leather", e a insuperável "Painkiller" - seria essa a maior introdução de bateria da história do heavy metal? Comentem! 

Após o show, ouvi de um colega ao lado: "Se isso é ruim, o bom definitivamente não existe". Definição perfeita para fechar essa resenha.

ACCEPT
Foto: Camila Cara
 
De volta à ativa desde 2009, o Accept mostrou no Monsters Of Rock que o retorno não foi um mero golpe de saudosismo. Da formação consagrada, apenas o guitarrista Wolf Hoffmann e o baixista Peter Baltes ainda continuam no grupo. Mesmo assim, o show deste domingo foi de uma potência sonora digna dos velhos tempos. O quinteto alemão iniciou a apresentação com duas músicas da fase atual - "Stampete" e "Stalingrad" - seguidas do clássico "London Leatherboys" - do consagrado Balls To the Wall. O repertório, embora bem mesclado, deu atenção especial ao quarto disco do grupo, Restless And Wild (1982) - com destaque para a execução concisa de "Fast As a Shark". Mark Tornillo nem parece que entrou na banda apenas em 2009. Com amplo domínio do palco, e uma voz marcante, ele segura canções como "Final Journey" e "Princess of the Dawn" na mesma desenvoltura técnica de Udo Dirkschneider. Já o guitarrista Wolf Hoffmann é quem dita as regras. Desfilando riffs e solos estonteantes, ele levou o público ao delírio em hinos consagrados da banda - como "Metal Heart", e a derradeira da noite, "Balls To The Wall".

RIVAL SONS
Foto: Camila Cara
 
A grande revelação do dia foi a apresentação do grupo americano Rival Sons. Calcados no hard rock setentista de bandas como Led Zeppelin, e pisando no noventismo retrô dos Black Crowes, a banda fez um show de alto nível técnico e com o melhor som de guitarras do dia. "Estamos aqui para tocar rock and roll", resumiu o "descalçado" Jay Buchanan. O riff cortante da excelente "Eletric Man" deu números iniciais ao show, seguida da descompassada - no bom sentido - "Play The Fool", e do hard clássico de "Pressure in Time". Mas não só de guitarras cruas vive o Rival Sons. Eles ainda apresentaram uma balada "Where I've Been" - a única do grupo - repleta de melancolia e texturas blues. Mas logo voltaram à temperatura normal, com o riff levanta-defunto da elétrica "Get What's Coming" - onde o timbre de Jay lembra Robert Plant (fase Led Zeppelin IV). O detalhe é que o Rival Sons não precisou rebuscar modelos batidos para conseguir a simpatia do público - nada de afagos ao Brasil ou covers manjadas. A banda se garantiu apenas em um bom repertório - baseado no recente "Great Western Valkyrie" - e nos lampejos individuais de Scott Holiday e Jay Buchanan. O grupo encerrou a apresentação com "Keep On Swingging", deixando aquele gostinho de quero mais.

UNISONIC
Foto: Camila Cara
 
O primeiro grupo a ser aclamado pelo público no domingo foi o Unisonic. Embora tenha faltado um pouco de pressão no início, o grupo alemão conseguiu equilibrar o problema técnico com uma presença destacada da dupla Kai Hansen (guitarrista) e Michael Kiske (vocalista) – que não se juntam desde o disco Keeper of the Seven Keys, Pt. 2. Com repertório calcado em seus dois álbuns de estúdio, o Unisonic promoveu uma ode ao power metal - com vocais agudos, bumbo duplo pulsante e solos ultra-rápidos. No setlist, o metal com pitadas de Marilion em "Your Time Has Come", e o vocal moderado de Kiske em "King For A Day". O grupo segue uma cartilha de metal mais enxuta do que era apresentada nos tempos áureos do Helloween. Com melodias abertas, e substituindo o peso da guitarra por alguns teclados bem tramados, o Unisonic mostra um caminho mais disposto ao público heterogêneo. Em um momento solo, Hansen levou os fãs ao delírio quando puxou a melodia de "Future World". Mas não demorou muito para que os fãs fossem brindados com o cálice da nostalgia. "Essa é da época que eu possuía cabelos longos", disse Kiske, antes do grupo executar o clássico do Helloween "March of Time", seguida da igualmente forte "I Want Out". Em suma, foi um show especial para novos e antigos fãs. 

BLACK VEIL BRIDES
Foto: Camila Cara
 
Aguardados pelo público púbere, o Black Veil Brides teve que lidar primeiro com a desconfiança dos headbangers. Ansiosos - e não sabendo ainda do cancelamento do show -, os fãs de Motörhead gritavam o nome da banda no fim de cada música e ensaiavam algumas vaias. Em certo momento, o vocalista Andy Biersack perdeu a paciência e disparou: "Eu também gosto de Motörhead, mas agora somos nós no palco. Não vamos demorar muito". Um fato parecido aconteceu em 1996, quando o Skid Row foi expulso de palco no mesmo Monsters Of Rock, em noite que também dividiriam palco com o mesmo Motörhead. Talvez por fazer uma linha com visual mais afetado, a proposta do hard rock oitentista (o chamado glam) nunca convenceu os mais tradicionalistas. No caso do "novo hard rock americano" - que inclui bandas como o Living Dead Lights e o próprio BVB - as influências dos anos oitenta ficam apenas no visual (que remete às maquiagens de Mötley Crüe e Kiss). Sonoramente, o show do grupo no Monsters Of Rock foi uma junção das diversas referências dessa nova safra - como pudemos ver no metal sinfônico à la Nightwish em "Overture", ou no hard moderno de "Shadows Die". Adequados ao modelo estético que o estilo impõe, eles também foram os primeiros a utilizar os telões localizados no fundo do palco com imagens trabalhadas. Mas nada disso pareceu despertar o interesse do público, que comemorou quando a banda anunciou sua ultima canção do repertório. Nas mídias sociais, fãs e não-fãs declararam apoio ao grupo e repudiaram a atitude dos mais hostis.

DE LA TIERRA
Foto: Camila Cara
 
Por trazer em sua formação nomes como Andreas Kisser (Sepultura), Alex Gonzalez (Maná) e Andrés Giménez (A.N.I.M.A.L.), o De La Tierra é considerado por muitos como o maior supergrupo do metal sul-americano na atualidade. Apresentando músicas de seu único disco de estúdio, o quarteto deu conta do recado em uma apresentação para lá de convincente. O destaque ficou para a versão de "Polícia" dos Titãs - que também foi regravada pelo Sepultura, banda de Andreas Kisser, em 1993. Após meia hora de muita pancadaria, o vocalista Andrés Giménez finalizou o show junto a galera do gargarejo, e agradeceu o público por dar moral ao rock latino.

PRIMAL FEAR
Foto: Camila Cara
 
Com quase duas décadas de estrada, o Primal Fear é uma das bandas que melhor representam a safra do power metal germânico - estilo que ganhou o mundo no fim dos anos noventa. Liderados pelo ex-Gamma Ray, Ralf Scheepers, e utilizando-se com muita qualidade de uma fórmula batida por bandas como Judas Priest e Iron Maiden - com guitarras em harmonia dobrada ("When Deaths Coming Knocking") e falsetes brilhantes ("Metal is Forever"), o quinteto não precisou se esforçar muito para ganhar o público presente no Anhebi. Na bateria, outro destaque: o brasileiro Aquiles Priester foi um show à parte. Famoso por ter integrado o Angra, hoje ele é o atual baterista do ótimo Noturnall, e do About2Crash (ambas confirmadas no Rock in Rio). O metal orgânico de "Angel in Black" e o flerte ao hard rock  de "Running in The Dust" foram alguns bons exemplos da boa desenvoltura de palco da banda, que saiu com público gritando o seu nome.

COAL CHAMBER
Foto: Camila Cara
 
O Coal Chamber foi a primeira banda que destoou um pouco da programação do Monsters - que dedicou o cast para bandas de hard e metal clássico. Na verdade, ficou a impressão de que eles chegaram ao festival com um atraso de dois anos - deveriam ter ter vindo na edição passada (2013), que teve um dia totalmente dedicado ao nu-metal. Mesmo assim, o grupo serviu de entretenimento a quem procurava agito. "Loco" promoveu um pula-pula geral, e "Drove" (do álbum Dark Days) foi responsável pela primeira roda de pogo do dia. Enquanto o vocalista Dez Fafara tentava injetar adrenalina na performance, a ruivinha Nadja Peulen  - com seu baixo no talo - chamava a atenção dos simpatizantes colados na grade. De todas as bandas do gênero, apenas Coal Chamber e Limp Bizkit nunca tentaram se desgarrar das origens, e talvez por isso, continuem soando honestos até quando não acertam. "Not Living", da fase inicial, é a conjectura perfeita do gênero - que hoje soa ultrapassado para maiores de quarenta. 

MOTÖRHEAD X SEPULTURA
Foto: Camila Cara
 
A pior notícia do dia ficou por conta do cancelamento de última hora da apresentação do Motörhead. Segundo um comunicado oficial, o líder do grupo Lemmy Kilmister estaria com problemas de saúde, e foi vetado pelos médicos para que pudesse se apresentar Monsters Of Rock. Na tentativa de diminuir a frustração dos fãs, que souberam da notícia poucos minutos antes do horário estipulado para a banda subir no palco, a produção promoveu um jam com integrantes do próprio Motörhead (Phil Campbell e Mikkey Dee) e do Sepultura (Andreas Kisser e Derrick Green). A união rendeu apenas três músicas: "Orgasmatron", "Ace Of Spades" e "Overkill".

Caso você esteja procurando as resenhas dos shows do MANOWAR, STEEL PANTHER, e YNGWIE MALMSTEEN, clique AQUI, e boa leitura.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

4 Comentários

  1. Cobertura completa? Cadê o Manowar aí na matéria??

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Paulo, obrigado pela leitura. Você pode conferir essas resenhas no seguinte link: http://www.rockemgeral.com.br/2015/04/28/irresistivel/

      Excluir
  2. Também não falaram do Steel Panther nem do Malmsteen. Tá bem incompleta essa cobertura, isso sim.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Paulo, obrigado pela leitura. Você pode conferir essas resenhas no seguinte link: http://www.rockemgeral.com.br/2015/04/28/irresistivel/

      Excluir
Postagem Anterior Próxima Postagem
SOM-NA-CAIXA-2