Steve Hackett no Rio: noite fundamental aos amantes do rock progressivo

Foto: Vinicius Pereira

Por Bruno Eduardo

Steve Hackett apresentou neste domingo, no Rio de Janeiro, uma releitura digna de sua obra com o Genesis. Aos 64 anos de idade, o icônico guitarrista viaja o mundo apresentando a turnê Genesis Extended - que surgiu após ele gravar em estúdio uma compilação particular para a obra da banda ('Genesis Revisited'). Hackett gravou seis álbuns de estúdio com o Genesis e foi figura importante no desenvolvimento de várias técnicas de guitarra - popularizadas mais tarde por músicos de renome, como Eddie Van Halen. 

Além do talento excepcional de Hackett, outro integrante ganha destaque no projeto: o vocalista Nad Sylvan. Visualmente, Nad destoa um pouco dos outros colegas de palco por seu visual espalhafatoso, mas seu timbre de voz é algo peculiar - apresentando um cruzamento perfeito entre as vozes de Peter Gabriel e Phil Collins. Essa abordagem familiar de Sylvan atribui um alto grau de autenticidade ao número, não sendo exagero afirmar que: sua voz é uma espécie de marca 'confundível' positiva.

Duas canções do clássico A Trick Of The Tail - "Dance On A Volcano", e a viagem densa de "Squonk" - iniciaram a longa e épica apresentação. Em seguida, Hackett, com um português razoável, convidou o público a cantar a introdução à capella da excepcional "Dancing With The Moonlight Night" - do preferido da casa, Selling England By The Pound (de 1973). Organizado com cadeiras, o Citibank Hall viu o público aplaudir de pé a execução sublime da epopeia "The Music Box", que resume, numa boa, três décadas de música contemporânea em pouco mais de dez minutos. Do mesmo álbum, "The Return Of The Gyant Rogweed" pode ser considerada uma ode a fase áurea do rock progressivo - com teclados menos esparsos e bateria aberta. A guitarra de Hackett ganha luz própria no solo carregado de reverb na versão fidelíssima de "Firth of Fifth" - fazendo o público aplaudir de pé pela segunda vez na noite. "The Knife", lançada antes da fase Hackett, traz um dos pontos altos do show, e Nad Sylvian surpreende mais uma vez pela semelhança com o timbre de Peter Gabriel. 

No bis, um show de luzes em "Watcher Of The Skies" e uma versão pesada de "Los Endos" deram toque final a noite de remissão ao prog rock. O público - formado em sua grande maioria por quarentões e cinquentões de gosto refinado -  pôde conferir uma excelente compilação de nostalgia, concentrada principalmente na musicalidade autoritária de Steve Hackett. Showzaço.

Foto: Vinicius Pereira

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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