Faith No More: Do Pior ao Melhor

Imagem Ilustrativa
A discografia do Faith No More avaliada na série "Do Pior Ao Melhor"
Após um longo hiato, o Faith No More voltou de forma definitiva e lançou o seu primeiro disco de inéditas após 18 anos. Recentemente, o grupo veio ao Brasil como uma das principais atrações do Rock in Rio e se apresentaram também em São Paulo. Cultuado por muitos dos nossos leitores, o Rock On Board decidiu preparar um guia especial Faith No More: do pior ao melhor - analisando a discografia da banda de Mike Patton e cia. 

Por Bruno Eduardo

 7 'We Care A Lot' (1985) 
Por ter sido o único álbum do grupo longe de uma grande gravadora, We Care A Lot é muitas vezes esquecido pelos fãs da banda. No entanto, chega a ser unânime a sua colocação entre os menos queridos do grupo. Com uma produção despojada, o álbum alterna momentos de teclados contagiantes e vocais monótonos. Tudo bem, Chuck não é um vocalista dos mais bem dotados tecnicamente, mas ele até que funciona bem em algumas faixas mais esdrúxulas como "We Care A Lot" e "The Jungle". O álbum possui alguns drops fortes como "Arabian Disco", "As The Worm Turns" e a instrumental "Pills For Breakfest", mas talvez por ser um trabalho de curta duração, fica a impressão que o grupo desperdiça munição em vários momentos. Sem hits de sucesso, We Care A Lot pode ser considerado um esboço mal acabado do que se tornaria o Faith  No More no fim dos anos oitenta.  

 6 'Album Of The Year' (1997) 
O último álbum antes do fim é marcado por uma fase tensa, onde os integrantes sequer se reuniram para escrever. Mike Patton, por exemplo, nem entrou em estúdio com a banda e gravou sua parte em impressionantes cinco horas ininterruptas. Mesmo assim, Album Of The Year é considerado a melhor atuação de Patton. Com vocais brilhantes e vigorosos - como pode ser ouvido na atmosférica "Ashes To Ashes" - o vocalista apresentou um vasto repertório de timbres, chegando ao ápice na levada particular de "Helpless". Esse é também o primeiro disco com o guitarrista atual, Jon Hudson. Embora seja um álbum bastante subestimado pela crítica, Album Of The Year é talvez o disco que melhor tenha envelhecido com o tempo, pois é certamente o que mais se aproxima musicalmente do que a banda é nos dias de hoje. Ouça as pancadas "Collision", "Got That Feeling", ou a macia "She Loves Me Not", e comprove.


 5 'Introduce Yourself' (1987) 
O disco de estreia do Faith No More pela Warner - embora ainda com Chuck Mosley - mostra um avanço consistente ao modelo rock-punk-progressivo do trabalho anterior, e dá pistas claras da mistura que encantaria o mundo em The Real Thing. O álbum possui canções de forte pegada comercial como "Faster Disco" e "Anne's Song" e outras que acabaram ganhando força na voz de Mike Patton ("The Crab Song"). Para quem não sabe, a versão comercial da música "We Care A Lot" é a que está presente nesse disco - devido ao sucesso da música em rádios universitárias no ano de 1986, eles decidiram regravar a faixa e lançar como primeiro single em uma grande gravadora. Foi com Introduce Yourself que o Faith No More conseguiu realizar a sua primeira turnê na Inglaterra. Esse foi também o último disco com Chuck Mosley - demitido em um show no Reino Unido.


 4 'Sol Invictus' (2015) 
O primeiro disco do grupo em dezoito anos foi uma prova de que a banda não mudou tanto desde a sua última reunião em estúdio. Honesto e cheio de boas ideias, Sol Invictus consegue ser nostálgico ("Superhero") e exótico ("Black Friday") na medida. Mesmo sem o peso que marcou a carreira em álbuns consagrados, eles capricharam nas melodias particulares e se garantiram na cozinha afiada de Gould / Bordin e na habilidade vocal de Mike Patton. Faixas como "Separation Anxiety", "Sunny Side Up", e principalmente, "Matador", já fazem parte da seleta lista de melhores canções do grupo em todos os tempos. Sol Invictus foi o primeiro disco da banda lançado pelo selo Ipecac Recordings, gerenciado por Patton e conta com a mesma formação de Album Of The Year.

 3 'King For A Day Fool For A Lifetime' (1995) 
A saída do guitarrista Jim Martin deu liberdade total para que o grupo - liderado pela cabeça insana de Mike Patton - pudesse expôr todas as suas influências musicais em apenas um disco. Acertando em cheio na escolha de Trey Spruance como guitarrista, o FNM trocou os riffs 'sabbathicos' pelas frases suingadas de "Evidence" e os solos jazzísticos de "Star A.D.". Muitos defendem a tese de que King For A Day não apresenta uma sonoridade tão característica à discografia do grupo, pela simples ausência dos teclados - na época, Roddy Bottum se recuperava de problemas com drogas. Porém, é um disco que representa com honestidade tudo o que eles pensavam em ser como uma banda real. Faixas como "The Gentle Art Of Making Enemies", "Get Out" e "Just A Man" são as que melhor retratam a proposta esquizofrênica e sincopada do disco. Vai ter fã reclamando por ele não estar no topo da lista.


 2 'The Real Thing' (1989) 
Se o Faith No More é o Faith No More e se Mike Patton é o Mike Patton, a culpa original é de The Real Thing, o disco que transformou, que mudou, que deu vida a essa banda. Com este álbum, o Faith No More virou moda nos quatro cantos do planeta - aqui no Brasil então, foi uma febre quase incurável. The Real Thing traz um rock enérgico - com tendências ao hard/trash - e ao mesmo tempo inteligente. Considerado o álbum do ano por tabloides conceituados (como Spin e Kerrang), a bolacha conseguia misturar as exóticas influências de seus integrantes, e, ainda assim, tinha um som original para a época. Hits como "Epic", "Falling To Pieces", "From Out Of Nowhere" e "Edge Of The World", garantiram milhões de cópias vendidas e uma tietagem ensandecida. Embora muitos creditem a entrada de Patton na banda como desencadeador do sucesso, a cozinha Gould/Bordin foi o que realmente garantiu o grupo como ícone do funk o'metal mundial.


 1 'Angel Dust' (1992) 
A banda que ficou conhecida por fazer proposta completamente variada, começou a bizarrice em Angel Dust. No disco, apenas “Everything’s Ruined” chega perto do Faith No More de 1989, o resto é algo completamente imprevisível e multi-compostoConsiderado o álbum do ano pela Q Magazine, e pela revista alemã Musik Express Sounds, Angel Dust tornou-se a obra prima do chamado nu-metal - sendo eleito pela Kerrang como o álbum mais influente do metal nos anos 90. Aqui, Patton começou a desenvolver a sua variedade vocal, experimentando novos timbres e abusando de letras subjetivas e poéticas - ouça "RV" e "Land Of Sunshine". Se a interpretação de Patton foi um ponto alto - artisticamente falando - comercialmente a imagem "fácil" do vocalista foi desintegrada. Entre banhos de urina, defecação em programas de rádio, Patton tornou-se uma figura cult e abominável. E nada mais foi como antes. Repleto de ideias subversivas, Angel Dust pode ser considerado o último suspiro juvenil do Faith No More. Depois disso, o imprevisível passou a ser o maior rótulo da banda; e independente das insanidades sonoras, ninguém nunca mais foi pego de surpresa. Este é o último disco de Jim Martin, e conta com a cover super popular de "Easy" dos Commodores.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

7 Comentários

  1. Excelentes resenhas. Eu gostava desse lado do Patton que desprezava a mídia. Quando ele finalmente se rendeu aos holofotes, mostrando que estava mais interessado na grana, pra mim, acabou. Eu, como batera, sempre admirei a banda principalmente pelo Mike Bordin. O Patton era o tempero que completava. Nem preciso falar do baixo matador do Gould. Ele, por si só é outro componente da banda que admiro. Não só pela musicalidade, como também pelo caráter. Atualmente a banda virou um caça-níquel. Bom, pelo menos é bom pra essa nova geração ouvir esse novo FNM do que a grande maioria do que é enfiado goela abaixo pela mídia.

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  2. Outro fato que esqueci de comentar: Hoje em dia, vejo claramente a falta que o Jim Martin faz ao Faith No More. Sem ele, a banda virou uma banda qualquer. Acabaram as diferenças que ela tinha internamente, que, na minha opinião, era o que fazia dela uma banda diferenciada, original, criativa e o principal: pesada! muito mais pesada!

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    1. Renato Powell(deve ser homenagem ao grande Cozy Powell) o Jim Martin era a alma da banda!!!

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  3. cara, eu gosto muito do angel dust pra mim tbm é o melhor... Album Of The Year eu não gostava não no começo que conheci a banda...hj em dia ele é um dos meus favoritos, na vdd é ate complicado dizer pra vc qual é o favorito...eu gosto de toda a discografia da banda; Vou escutar no meu carnaval, oops na vdd vou continuar escutando porque eu não canso deles;

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  4. Introduce Yourself pra mim só perde pro Angel Dust, tu rateou ele muito mal cara rsrsrs. Depois, em terceiro, acho que vem o The Real Thing e entre o king for a day e o album of the year eu nao consigo decidir hahah. Esse novo albúm eu ainda vou escutar, mas deve ficar entre os últimos junto com o We care a lot msm. Vlw !!

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  5. Tenho uma dúvida: quem eh o homem da capa e contra capa do "Album of The year"??

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  6. Cara a sua lista ficou praticamente igual á minha...

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