DISCOS: THREE DAYS GRACE (HUMAN)

THREE DAYS GRACE

Human

RCA; 2015

Por Lucas Scaliza







O Three Days Grace não é uma banda de rock pesado, mas Human certamente busca ser mais pesado, mais grave e mais agressivo. Não por acaso são muitas as vezes que o estilo vocal de Matt Walst (vocalista da banda desde 2013, substituindo Adam Gontier, agora em carreira solo) e a forma como as guitarras soam densas em refrãos e riffs lembram bastante o Linkin Park.

O quinto disco da carreira da banda canadense (e primeiro com Walst) está bem gravado e bem equilibrado, mas básico. Em grande parte, é baseado em harmonias simples e sujas com efeitos de expressão e modulação a guitarra e o baixo. “Human Race”, a melhor faixa do trabalho – e a única a romper a barreira dos 4 minutos de duração – constrói dessa forma a atmosfera perfeita para sua letra levemente contestadora. E há nessa faixa o único solo de guitarra digno de nota do trabalho, construindo um momento que é sabe ser épico sem ser enfadonho.

Aliás, uma das qualidades a se destacar na forma do Three Days Grace fazer sua música em Human é a não apelação para refrões grandiosos, pensados sob medida para plateias de estádios e festivais, recurso usado à exaustão pelo Imagine Dragons e pelo Fall Out Boy, entre outros. E mesmo assim, a banda sabe fazer refrões capazes de agitar o público.

A agitada “Landmine” é a faixa mais Linkin Park do trabalho e outra em que Barry Stock usa guitarras com distorção e modulação de sintetizador para alcançar um som moderno e ao mesmo tempo dispensar o uso do teclado. Uma ótima sacada, principalmente porque faz a faixa (assim como todo o álbum) ser facilmente reproduzido ao vivo.

Fica uma forte impressão de que, por mais que você goste ou não de Human, o formato disco pode não ser o ambiente ideal para ele. Por ser despojado, sem firulas, o álbum soa como se pedisse pelo palco para mostrar toda a sua real força. Não há inovações ou técnicas tão diferenciadas quanto as que o Three Days Grace e outras bandas de rock contemporâneo já não tenham lançado mão. Contudo, são composições fortes e diretas que fazem muito bem o papel a que foram designadas. É um disco de rock pesado na medida certa para quem não é fã de metal ou não encara pedradas densas de verdade.

Matt Walst, que é irmão do baixista Brad Walst e vocalista da banda My Darkest Days, mostra entrega (até onde é possível) ao interpretar cada faixa e expressar a agressividade que a banda quer a cada faixa. É um vocalista convencional para o estilo, mas bastante eficiente seja nas partes mais melodiosas ou nos momentos de maior intensidade e peso.

Human é um bom disco e tem momentos bem legais, como em “Painkiller”, “I Am Machine”, “Car Crash”, “One Too Many” (a mais comercial do trabalho) e “The End is not the Answer”. No entanto, não é uma surpresa para quem acompanha o Three Days Grace ou bandas parecidas. Se comparado com os novos álbuns de Enter Shikari, Red, Papa Roach [leia resenha AQUI] e do próprio Linkin Park, Human parece seguro demais.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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