No Rio, Arctic Monkeys brilha em noite impecável

Foto: Vinicius Pereira


O show da banda inglesa Arctic Monkeys lotou a HSBC Arena neste sábado (15/11). Olhando lá do alto, a única coisa que vinha à mente era a expressão “mar de gente”. Todos à espera do tão aguardado show solo em terras cariocas. Assim que o grupo subiu ao palco, parecia que o local iria abaixo com a vibração do público. Logo no primeiro acorde de “Do I Wanna Know?” foi impossível não se arrepiar com a energia da plateia.

O show foi de uma qualidade musical impecável, com som pesado e forte. Tão pesado que algumas baladas como “Suck It And See” e “Cornerstone” ficaram de fora do repertório e fizeram falta. O set list acabou sendo dividido em momentos com canções que levantavam o público e outros com músicas mais lentas, que proporcionavam luzes acesas nos celulares da plateia, no lugar do já suplantado isqueiro.

Foto: Vinicius Pereira

Apesar da indiscutível qualidade sonora e do visível direcionamento total de energia para a música, o público sentiu falta de mais interação com a banda. Alex Turner não é dado às costumeiras “firulas” com a plateia nem a chamá-la para participar. Por mais que todos estivessem cantando a plenos pulmões, a sensação era a de estar ali mais como espectador do que como parte do show.

Mas é preciso constatar que não parece se tratar de antipatia, mas apenas da concentração necessária à execução perfeita das canções por parte de um vocalista que também é guitarrista. E no momento de “505”, já próximo ao final da apresentação, o público também se concentrou e emocionou.

Antes de terminar, Alex cantou um pequeno trecho de “Mardy Bum”, chegando a acender a esperança dos fãs. Mas fez uma pausa teatral e, em vez de continuar, voltou para o repertório planejado: encerrou com “R U Mine” que, assim como a música da abertura, fez o chão tremer com a vibração do público.

O que faltou em um, sobrou em outro

Foto: Vinicius Pereira

A abertura foi feita pelo grupo sueco The Hives, que agitou a multidão e fez uma apresentação bastante interativa, sempre chamando o público para participar do espetáculo. Digamos que eles fizeram muito bem a lição e coseguiram manter um bom diálogo com um público que, em sua grande maioria, não era próprio.

A falta de intimidade da plateia com grande parte do repertório era clara, mas o fato foi suplantado pela animação do vocalista Pelle Almqvist, que chegou a falar no celular de uma fã chamada Elisa. Até mesmo o guitarrista Nicholaus Arson levantou o público e “roubou a cena” em vários momentos com suas performances teatrais, não se deixando intimidar pelos problemas técnicos que enfrentou com o equipamento.

Mas na busca desse diálogo, The Hives acabou pecando um pouco pelo excesso. As extensas falas do vocalista se tornaram, de certa forma, cansativas e pareceu que o artista esqueceu um pouco que o idioma natal do Brasil não é o inglês. Contudo, canções conhecidas como “Tick Tick Boom” e “Hate To Say I Told You So” fizeram a plateia vibrar e cada minuto de falatório valer a pena.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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