Discos: Foo Fighters (Sonic Highways)

Gravação de Sonic Highways virou série de TV na HBO
FOO FIGHTERS
"Sonic Highways"
Sony Music; 2014
Por Luciano Cirne


O Foo Fighters nunca foi uma banda de se aventurar muito. Distinguir os seus álbuns após There Is Nothing Left To Lose se tornou uma tarefa um tanto quanto difícil. Na verdade, o grupo só saiu da zona de conforto uma única vez nesses vinte anos de carreira - no confuso One By One, lançado em 2002. A partir daí, eles decidiram seguir em frente sem sustos e apostaram em um modelo padronizado, que gerou discos ótimos (Wasting Light) e outros apenas para bater ponto (Echoes, Silence, Patience & Grace). Com um líder habilidoso, e contando com o declínio do rock no mainstream, o grupo se tornou uma potência comercial - colecionando uma gama de hits e tocando para estádios lotados no mundo inteiro. Quem diria? O Foo Fighters, que era apenas uma fita demo do ex-baterista do Nirvana tinha se tornado uma banda musculosa e descomplicada - completamente o oposto do que era sua ex-banda (Nirvana). Aliás, a maior diferença entre Kurt Cobain e Dave Grohl - além de suas capacidades musicais - é que o segundo escolheu envelhecer como uma estrela do rock.

No entanto, Dave Grohl sabia do perigo que estava correndo ao optar por uma estrada dividida entre a proteção do sucesso e a imobilidade artística que ele oferece - e que talvez fosse cômoda por não exigir grandes estripulias. Grohl já vinha lutando contra essa faca de dois gumes há algum tempo e teve que cortar dobrado para lançar um dos melhores discos da banda, em 2011 - o já citado Wasting Light. Mas teria que ir além para superar isso.

Em uma engenhosa ação de marketing, o líder do Foo Fighters decidiu elaborar o disco em oito cidades diferentes, tendo o canal HBO como principal distribuidor do trabalho. Sonic Highways não seria apenas o nome do oitavo álbum do grupo - ele se tornaria uma série de TV ambiciosa, que documentaria todo o processo de produção deste trabalho. Produzido por Butch Vig (o mesmo de Nevermind e do próprio Wasting Light), Sonic Highways tenta retratar as experiências e culturas de cada cidade visitada pela banda - e é justamente aí que o disco escorrega. Com exceção de "I Am A River", que parece trazer algo mais atmosférico, o álbum não apresenta nenhuma dessas questões conceituais prometidas por Grohl. Sonic Highways é um disco típico do Foo Fighters com algumas participações interessantes - como Bad Brains e Gary Clark Jr.!

Sonic Highways tem sim, rock potentes como "Something From Nothing" e "Feast And Famine", que poderiam estar em qualquer disco lançado pelo grupo nos últimos dez anos. "In the Clear", por exemplo, caberia fácil na primeira parte do bom - e subestimado - In Your Honor. Uma faixa que se descola um pouco dessa cartilha já apresentada pelo grupo em outrora é "What Did I Do / God As My Witness", que traz intercessões entre o rock voraz da grupo e camas melódicas obtusas - incluindo piano e bateria oscilante. De resto, canções como "Congregation", "Outside" e "Subterranean" encaixam-se perfeitamente no modelo que a banda vem propondo ao mundo - de rock para multidões e com o selo de qualidade FF.

Resumindo: É apenas mais um disco do Foo Fighters. 

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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