SHOWS: BLACK LABEL SOCIETY (CIRCO VOADOR)

Foto: Bruno Eduardo

Por Bruno Eduardo

Pessoas vestem blusas rasgadas, jeans com caveiras, usam cruzes, correntes nos punhos. Parece uma reunião de motociclistas. 

Embora poucos apostassem, o Black Label Society pode sim lotar uma casa como o Circo Voador. Em meio à crise financeira dos roqueiros, a casa vendeu todos os lotes de ingressos disponíveis. A tripulação é enorme e fiel - todos dispostos à prestar continência ao eterno ex-guitarrista do Sr. Ozzy Osbourne. O grandão parece ter moral por aqui.  

Atrás de um pedestal de caveiras e correntes, com um terço enrolado a um enorme crucifixo, lá está ele! Zakk Wylde ergue sua guitarra e destila riffs cavalares, ultra-pesados, em alternância com harmônicos. Embora não seja um show de Ozzy, não é exagero afirmar que qualquer uma de suas composições cairia bem no vocal do Mr. Madman - ainda mais se levarmos em consideração discos como Down To Earth (2001) e Black Rain (2007). Em entrevista recente, Ozzy chegou a dizer que o motivo da saída de Wylde seria uma possível duplicata nas propostas: "Chegou uma hora que eu não via diferença entre o som de Ozzy e do Black Label Society" - afirmou o lendário cantor do Sabbath.

Com o Black Label Society, Zakk encaixa uma dinâmica sonora que por muitas vezes lembra um Alice in Chains (em sua fase mais metal). Mas não é só pedrada. Em "In This River", por exemplo, ele mostra que não é apenas um craque da guitarra e utiliza-se de um teclado elétrico - diferente do piano de calda apresentado em 2012. Individualmente, vale ressaltar também o baterista Jeff Fabb. Utilizando a técnica do pedal de bumbo como poucos, ele impressiona pela condução da locomotiva pesada que é o som do Black Label Society - Jeff entrou na banda ano passado. 

A apresentação termina ao som de "Stillborn", do disco The Blessed Hellride (lançado em 2003), que na versão de estúdio possui Ozzy nos vocais. O show do Circo Voador serviu para mostrar que o Black Label Society - na estrada há mais de quinze anos - já anda no Brasil pelas próprias pernas. Se em outras oportunidades (com exceção de 2012) o grupo veio acompanhando de Ozzy Osbourne, hoje, tem autoridade para encher qualquer casa de shows do país. Já Zakk Wylde - o cara que ficou famoso pelo solo épico de "No More Tears" e pelos harmônicos robóticos de "Perry Mason" - pode gastar um show praticamente solo, fritando sua(s) guitarra(s) por minutos, sem hit radiofônico e sem bis para o povão. 

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem
SOM-NA-CAIXA-2