DISCOS: SHONEN KNIFE (Overdrive)

SHONEN KNIFE

Overdrive

Damnably Records; 2014

Por Luciano Cirne







Se houvesse um prêmio anual para a banda de rock mais fofa do mundo, sem sombra de dúvida essa honraria seria dada, desde 1981, às japonesas do Shonen Knife. Fazendo um punk pop altamente açucarado e inspirado até a medula pelos seus ídolos Ramones, essas garotas nipônicas são cultuadas lá fora, mas por aqui elas nunca atingiram um grande público: talvez pelo visual muito “menininha meiga”, talvez pelas letras bobas e alegres, sempre falando sobre seu gatinho de estimação,  comer biscoitos, passear de bicicleta por bosques floridos e por aí vai (e que, se considerarmos o fato que a guitarrista e vocalista Naoko Yamano já tem mais de 50 anos, causa ainda mais estranheza). 

Em todos esses anos nessa indústria vital, seus discos sempre seguiram a mesma fórmula e os fãs adoravam, até porque eles já sabiam o que elas os dariam e era exatamente isso que eles desejavam. Portanto, é no mínimo curioso, que no vigésimo(!!) álbum da carreira, tenham resolvido dar uma pequena repaginada na sonoridade: Ao invés de evocar o punk-pop dos seus heróis Ramones, Buzzcocks e Cia, resolveram fazer um álbum totalmente hard rock, que lembra bastante Thin Lizzy, Kiss ou os primeiros CDs do The Donnas, mais pesado e distorcido que de costume. De cara percebemos que a guitarrista Naoko é um caso a ser estudado, pois ainda que seja uma guitarrista limitada, sua capacidade de fazer canções grudentas é coisa de outro mundo: músicas como “Bad Luck Song”, “Like a Cat” e “Ramen Rock” ficam na cabeça logo na primeira audição e demoram a sair. 

Outras músicas que merecem destaque são “Shopping”, com uma pegada meio blues que destoa do restante do álbum e “Jet Shot”, a última faixa e a única que remete aos seus trabalhos anteriores. Entretanto, se temos novidades no que tange às melodias, o mesmo não pode ser dito sobre as letras: “Like a Cat” obviamente fala de felinos; “Fortune cookie” e “Green Tea” são mais músicas sobre seus pratos favoritos e por aí vai. Do que adianta deixar o som mais maduro se as letras ainda parecem infantis?? De qualquer maneira, independentemente disso, é um disco bem alto astral e gostoso de escutar, como tudo que o Shonen Knife sempre fez. 

Se você é fã, pode cair dentro, mas se você não conhece a banda, melhor começar antes por seus trabalhos obrigatórios como “Burning Farm”, “Let’s Knife” e “Brand New Knife”.

Ouça: Like A Cat

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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