ENTREVISTA: THE OFFSPRING

 

Por  Bruno Eduardo 

Em 1994 o punk chegou às lojas numa linguagem mais abrangente - mais engajada para o mercado atual (e sedento!). Tal estilo musical foi definido como “punk rock melódico”, tendo o Offspring como um dos grandes responsáveis por essa safra. De quebra, o grupo passou de banda independente (título esse, que eles carregavam há uma década) a um dos grupos mais rentáveis do rock americano. Smash, lançado naquele ano, marcou uma geração que trazia nomes como Green Day, Pennywise, Rancid e NOFX. Abaixo, você confere uma exclusiva do Offspring, com o guitarrista da banda, Noodles, por telefone. [Entrevista publicada originalmente no Portal Rock Press]


Noodles, primeiro nos conte o segredo da banda estar ainda na estrada com sua formação quase original por praticamente três décadas.

Tocar sempre foi uma paixão em comum para nós. No início, era uma forma aberta de diversão. Juntávamo-nos apenas pelo simples prazer de tocar, de fazer algo de que amávamos. Nos primeiros dez anos, inclusive, era o que nós fazíamos nas férias de verão. Nós amávamos isso! E quando Smash saiu isso passou a ser o que nos sustentava, o que fazíamos pra viver. Não sei o porquê, as pessoas amaram as músicas do disco, e depois que você passa dez anos fazendo isso, sabe, numa van, viajando pelo país e até pela Europa (fomos pra Europa pela primeira vez em 93), isso te dá uma nova visão. Nós amávamos a música, mas não ganhávamos dinheiro com ela. Então quando Smash foi lançado, nós já tínhamos 10 anos de estrada e pensamos: “bom, isso não vai nos mudar”. Continuamos fazendo o que já fazíamos. E nós amamos isso. Esse é o segredo.

Alguns veículos chegaram a noticiar que vocês estariam voltando para Epitaph Records. Isso realmente faz parte dos planos da banda?
Nós não temos planos pra isso no momento.  Atualmente nós não temos contrato com ninguém. A última gravadora com que trabalhamos foi a Columbia, e a Columbia foi ótima pra nós, assim como a Epitaph... Não sei o que vamos fazer, é um mundo muito diferente e nós ainda estamos tentando descobrir um caminho. Não tem planos de voltarmos para a Epitaph, como não temos planos de ir a lugar nenhum agora. É um mistério pra nós também.

No recente disco do grupo, Days Go By, há canções mais rápidas, mais enérgicas do que em discos como Splinter e Rise And Race. Mas há também algumas experimentações bem improváveis. Há uma tentativa de mudança na direção musical da banda?
Na verdade não acho que há uma mudança de direção musical no último álbum de forma proposital. Inclusive no single “Days Go By”, acredito ser a mesmo punk rock que nós sempre nos propusermos. Acho-o até meio parecido ao que fizemos nas canções mais rock de Americana (lançado em 1998), como “Hurting As One”, por exemplo. Acho que há sim, algumas experimentações com pop, com pianos, com algo mais acústico em alguns momentos. A diferença é que tentamos abordar alguns outros estilos, mas não houve uma decisão pré-estabelecida para sabermos a direção musical do álbum durante a gravação.

Muito tem se falado sobre uma turnê comemorativa dos 20 anos de lançamento de Smash, e gostaríamos de saber se isso é mesmo verdade.
Bom, é... Nós estamos conversando sobre isso. Ano que vem é o aniversário de 30 anos da banda, aniversário de 20 anos do Smash e é o aniversário de 25 anos do nosso primeiro álbum. Então estamos tentando descobrir como juntar tudo isso em uma grande festa, acho. Estamos em turnê tem um ano e meio, e ainda vamos até dezembro. Então não sei se vamos fazer um álbum, ou se vamos sair em turnê... Não temos ideia. Estamos tentando nos resolver.

O Offspring é tido como um dos ícones de um estilo chamado “punk rock melódico”. Olhando hoje, vinte anos depois do estouro, que herança você acha que foi deixada dessa época?
Felizmente as bandas que surgiram junto com a gente ainda estão na ativa, ainda fazem shows como Rancid e Pennywise. Essas eram as bandas que estavam junto com a gente antes (nos anos 90), até mesmo antes de 94. Fizemos alguns shows com Operation Ivy, antes mesmo deles serem o Rancid. Esse era o tipo de música que amávamos, esse era o nosso cenário. Muitos deles ainda estão por aí. O cenário musical em rádios, canais de música e tudo isso, mudou bastante... Mas nem tanto! Sempre é primeiro o pop, depois rock e rock alternativo, soft rock e aí hard/fast rock. Não parece ter muito hard/heavy rock hoje em dia, mas parece estar voltando. É uma coisa meio cíclica.

Vocês planejam algum lançamento? Muito se fala sobre um primeiro disco ao vivo do Offspring.
Nós não temos planos de fazer isso agora, mas é algo que conversamos sobre. Nós temos gravado algumas coisas, acredito que um single vez ou outra, com uma versão ao vivo. Nós nunca fizemos um álbum totalmente ao vivo. Talvez seja algo que faremos ano que vem, quem sabe pro nosso aniversário de 30 anos. Quem sabe? Ainda estamos decidindo o que vamos fazer para comemorar ano que vem.

[Matéria publicada originalmente por Bruno Eduardo no Portal Rock Press]

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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